RIBEIRÃO MERECE RESPEITO!
A badalada demissão do Executivo da Junta de Freguesia de Ribeirão acontece pouco mais de um ano depois das eleições autárquicas e talvez peque por tardia depois de se terem esgotado todas as tentativas de entendimento, durante todo este tempo o CDS-PP de Ribeirão (assim como todo o restante grupo da coligação com o PSD) desvalorizou, e vai continuar a fazê-lo, todas as novelas criadas em torno deste assunto evitando todo o tipo de polémicas e ataques pessoais, colocando o foco exclusivamente no trabalho que nos compete, contudo é minha obrigação esclarecer os Ribeirenses daquilo que pessoalmente acreditava já ser óbvio para todos, mas pelos vistos não o é.
Contextualizando, a coligação Mais Ação Mais Famalicão (PPD-PSD/CDS-PP) venceu estas eleições no final de 2021 sem maioria absoluta. Quando isto acontece, a força política vencedora assume as funções do executivo e a restante representatividade eleitoral da população em causa é feita na Assembleia de Freguesia, em parte, é para isso que ela existe!
Depois de tanta tinta corrida é lamentável isto não ter sido entendido ou aceite por políticos com tantos anos de experiência. Nesse sentido, a coligação propôs a formação de um executivo composto por elementos da coligação e os lugares da Assembleia constituídos pelos elementos das três forças políticas de acordo com o resultado eleitoral pelo método de Hondt (PSD/CDS: 6 elementos, Movimento Independente “Juntos Por Ribeirão” / IL: 5 elementos e PS: 2 elementos). Os elementos do movimento independente “Juntos Por Ribeirão” / Iniciativa Liberal e do Partido Socialista reprovaram a formação deste executivo por, segundo eles, “não respeitar a representatividade da escolha dos Ribeirenses”, argumento este que está desde já refutado no parágrafo anterior. De salientar ainda que esta votação, que tem como pressuposto legal ser realizada em urna, protegendo o secretismo do voto foi alvo de uma violação a este mesmo princípio, onde os elementos do JPR e PS combinaram fotografar o boletim de voto e já o confirmaram publicamente.
Contudo, e porque a lei assim o prevê, existe a possibilidade de no executivo constarem elementos de outras forças políticas, apesar de ser eticamente inaceitável, tendo em conta este contexto, uma vez que nesta situação teríamos os JPR e/ou o PS a fazer oposição ao próprio executivo (que foi o que mais tarde veio a acontecer), neste sentido o Presidente da Junta Leonel Rocha mostrou-se aberto a dialogar com a oposição para vincar um acordo que fosse favorável para todos e para Ribeirão. Pela parte do PS, que usou do argumento anterior, queria representatividade no executivo, mas recusou um lugar oferecido no mesmo, foi-lhe proposto o lugar de presidente da Assembleia de freguesia que também recusou alegando de seguida que “o seu voto não estava à venda”. Se há algo que se pode apontar ao Presidente da Junta é ter sido demasiado generoso com a oposição. Já o movimento independente “Juntos Por Ribeirão” / Iniciativa Liberal, perderam as eleições, no entanto foi-lhes oferecido dois lugares no executivo (em quatro disponíveis), a função de Presidente da Mesa da Assembleia e as funções dos respetivos secretários. Eu não seria tão generoso, mas louvo todas as cedências do nosso Presidente de Junta para que pudéssemos finalmente terminar com este processo e colocar mãos à obra. Meio ano depois o acordo é finalmente selado e aproveito para agradecer a dedicação dos dois vogais que transitaram do executivo anterior durante este processo de gestão. Daí em diante, o executivo da Junta funcionou como uma equipa e parece que colocar os interesses de Ribeirão à frente de qualquer cor política causou algum descontentamento na oposição, apoiado apenas nas declarações recentes de Paula Cristina Santos e dos elementos do executivo aquando da conferência de imprensa onde anunciaram a sua renúncia ao mandato.
Nestes escassos meses de trabalho foi óbvio todo o desenvolvimento na vila, o tremendo investimento feito na cultura e na educação foi por demais evidente, a comunicação foi extremamente melhorada, as situações pendentes nos últimos anos foram retomadas, um vasto número de vias e infra-estruturas foram melhoradas, foram organizados eventos festivos, culturais, desportivos, musicais, entre outros e deu-se especial atenção à ação social e apoio às associações. Por isto tudo e muito mais louvo publicamente o executivo demissionário da junta de freguesia que fez um trabalho notável e soube trabalhar em união resolvendo as suas diferenças desde o primeiro dia.
Nos últimos dias os vários partidos têm feito algumas declarações acerca do assunto de forma “pouco cuidada”, sempre desvalorizei este tipo estratégia a roçar muitas vezes a má educação e faltas à verdade, continuarei a fazê-lo, mas é meu dever na função que ocupo defender a honra das equipas e organizações que represento.
Relativamente ao Movimento Independente Juntos Por Ribeirão, constituído por elementos por quem nutro enorme estima e reconheço muitas competências, entristece-me por ter tomado este rumo, contudo, se há um ano atrás fosse compreensível que os ribeirenses fossem levados pela dúvida hoje não há desculpa para que não se entenda isso, à sua líder gostaria apenas de dizer que no que se refere à política nem todos temos “telhados de vidro”, eu levo 20 anos de serviço público em funções políticas concelhias, distritais e nacionais e sempre me vi longe desse tipo de “construção”.
A Comissão Política Concelhia do Partido Chega fala em “lamaçal de acusações, dúvidas e incertezas”, o partido sabe que este sempre foi unilateral e de que lado é que vêm, não participar desta estratégia foi uma opção que talvez nunca nos tenha beneficiado politicamente, mas é assim que queremos continuar, no entanto e, infelizmente, também na política parece que “quem cala consente” mas há um momento em que é mesmo preciso dizer Chega! Ao líder ribeirense deste partido continuamos a contar com o seu contributo.
A CPC do PS também quis dar o seu parecer através de comunicado do seu presidente Eduardo Oliveira, por quem sempre lhe reconheci cordialidade no trato e estas declarações causaram-me alguma surpresa, por isto peço que se retrate publicamente do mesmo.
As suas palavras incluem falsas e graves acusações. Os ribeirenses são pessoas de valores que ao longo dos tempos têm dignificado esta vila, pôr em causa a honra da instituição que presido, de todos os elementos que a compõem assim como os meus parceiros de coligação, a maioria deles que trabalham de forma gratuita e desinteressada para a comunidade, é inadmissível. Nem eu, nem nenhum dos mais de cem ribeirenses que fazem parte deste projeto admitem que alguém venha de fora acusar-nos de “trapaças”, no dicionário este termo vem descrito como «Ação desonesta para enganar alguém. = BURLA, DOLO, ENGANO, ENREDO», espero que entenda a gravidade da situação e comunique imediatamente o seu pedido de desculpas.
Para além das “trapaças” o Presidente concelhio do PS diz ainda que “A renúncia da coligação PSD-CDS não passa de uma artimanha com objetivos meramente eleitoralistas e significa uma traição grave à confiança da população de Ribeirão”, talvez queira explicar aos ribeirenses porque é que o PS só levou um deputado à assembleia e depois venha novamente falar sobre artimanhas eleitoralistas e traição.
O PS e os “Juntos por Ribeirão falam em “traição” e “desonrar o voto de confiança dos ribeirenses”, como podem os ribeirenses confiar em equipas que não honram nem os seus próprios elementos.
Eduardo Oliveira fala ainda em “má gestão de dinheiros públicos”, lembro-lhe que criar uma nova assembleia para aprovar um orçamento cujo erro já estava a priori corrigido também tem custos para todos nós.
Importa ainda sublinhar que o executivo da junta não renunciou às suas funções (apenas) pelo orçamento não ter sido aprovado e por isso talvez seja importante que assistam novamente à conferência de imprensa realizada para esse fim e entendam também que para além do presidente de junta, dois elementos indicados pela coligação PSD/CDS e dois elementos indicados pelo Movimento Independente Juntos por Ribeirão constituem a equipa que desenhou e levou à votação este orçamento, e agora como ficamos Paula Cristina Santos? Quando as coisas funcionam bem somos uma equipa e até exigimos que o elemento do executivo faça campanha pelos ”juntos” enquanto está ao serviço da junta de freguesia e quando existem erros ou as coisas não correm tão bem já somos oposição e rejeitamos responsabilidades?
Tenho curiosidade em perceber como as CPC do PSD e da Iniciativa Liberal vêm esta situação.
Para encerrar este assunto e o presente comunicado recordo que o erro no orçamento existiu, o erro foi imediatamente assumido e proposta uma solução em simultâneo. Não votar favoravelmente este orçamento, dentro de algumas condições, atendendo ao erro em causa, seria até compreensível e aceitável, mas quem esteve presente nessa assembleia sabe o que viu e ouviu, se todos os ribeirenses estivessem lá não duvido que a maioria absoluta partilhasse da indignação de alguns dos elementos do público que perto do fim foram ao púlpito manifestar o seu desagrado com a atuação desta oposição.
Resta aos ribeirenses decidir se é este tipo de política que querem para a nossa vila.
Bruno de Azevedo Correia
Presidente do CDS-PP de Ribeirão
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