“No dia em que Portugal registou um novo número máximo diário de infeções com o vírus SARS-CoV-2, de mais de 52 mil casos, a ministra da Administração Interna anunciou que os eleitores em isolamento, devido à Covid-19, vão poder sair de casa para votar a 30 de Janeiro. À data de hoje já mais de um milhão de pessoas estão em isolamento profilático, metade delas infetadas. Este número cresceu 50% na última semana e a tendência será aumentar nos próximos dias, fica por explicar o que está por trás desta mudança drástica de postura diante da pandemia, parece que quando existem vantagens para o PS passamos a ter um governo “negacionista” em que tudo é permitido, quando não existem exige todo o tipo de sacrifícios aos portugueses. Há apenas duas semanas atrás estávamos sob uma série de restrições impostas pelo governo e o número de casos era irrisório comparado com os de agora. Viola a própria Constituição, sem consequências, e mesmo depois de ser declarado pelo Tribunal da Relação de Lisboa, pelo Tribunal Constitucional e pela Procuradoria Geral da República seguem incólumes.
Esta falta de coerência leva-me a fazer algumas especulações e tendo em conta que cada voto representa um ganho para o partido correspondente, não contar com estes votos materializa-se numa potencial perda de mais de 13 milhões de euros em subvenções partidárias, que deverá ser superior por ser expectável o aumento de casos. As subvenções adquiridas aqui pesam muito no financiamento dos partidos. Desde as últimas legislativas, o PS auferiu o equivalente a cerca de 16.500 € por dia, desde 2004 arrecadou mais de 91 milhões de euros do Estado.
Nos últimos dois anos as pessoas saudáveis, viram-se privadas das suas liberdades fundamentais, todas estas medidas resultaram em dificuldades enormes para muitas famílias portuguesas, as consequências psicológicas dos sucessivos confinamentos e da onda de medo gerada pela comunicação social e pelos governantes, onde a oposição decidiu pactuar ou não trazer alternativas eficazes e concretas, promoveu um impacto considerável na saúde física e mental dos portugueses, de lá para cá houve um aumento de mais de 25% de casos de ansiedade e depressão sobretudo nos mais jovens, por dia três portugueses estão a pôr termo à sua vida (!), cerca de 60% das consultas marcadas foram canceladas menosprezando os restantes doentes. Até hoje todos estivemos envolvidos neste sacrifício de ceder nas nossas liberdades, nos nossos negócios, na nossa qualidade de vida, na nossa economia, no nosso bem estar social e na nossa saúde por uma causa em torno do “bem comum”, e agora o governo quer colocar todos os eleitores de cada freguesia na mesma sala (ou em meia dúzia delas), no mesmo dia, sendo que mais de 10% dos eleitores portugueses estão infetados ou estiveram em contacto direto com infetados.
Será que a saúde dos portugueses deixa de ter importância quando há interesses envolvidos? Ou então já não há a questão de risco da saúde pública e ficou por passar essa mensagem? E o facto de os eleitores não se sentirem seguros com esta solução? Muitos já me têm confidenciado que não pretendem votar nestas condições. Não creio que a abstenção seja um objetivo do governo, será então mera incompetência? Já que houve tempo para preparar uma outra solução, o governo ficou de fazer esse trabalho e as propostas eram as mais variadas possíveis que permitiriam que todos pudéssemos exercer o direito ao voto em condições de segurança, a não ser que não haja motivo de preocupação e nesse caso seria importante mudar o discurso e fazer um retratamento depois de tudo o que tem sido apregoado até agora numa narrativa paga a peso de ouro nos meios de comunicação social cheia de mentiras e adulteração de números e informação.
Poder-se-ia pensar que a variante do momento já não inspira tantas preocupações e por essa razão está na altura de tratar esta doença como uma gripe comum, mas esta falta de coerência existe desde o início. Eu não me esqueço, e os portugueses certamente também não esquecerão, quando em Estado de Pandemia em 2020, o governo permitiu que o Partido Comunista Português organizasse a “Festa do Avante” num ano em que todos os festivais foram cancelados, mas o partido do povo e do trabalhador enquanto deixava o trabalhador à fome, isolado, sem trabalho e sem vida social, juntava cerca de 20 mil pessoas em festa para financiar o partido, tudo isto com o aval do PS que como moeda de troca viu o seu orçamento viabilizado pelo PCP adiando a crise política para este ano. Para nós nem tudo tem um preço, pelo menos a saúde e a vida das pessoas que representamos enquanto partido e o CDS-PP de Ribeirão não ficará indiferente a tudo isto.
Parece-me por demais evidente quais deveriam ser as medidas a adotar logo em primeira instância. Contudo, ao fim de dois anos continuamos a insistir em não querer ver, a negar o essencial. Apostar no reforço do sistema imunitário de cada um, nas condições de vida dos mais suscetíveis (um em cada quatro idosos não tem condições de aquecimento em casa por exemplo, como enfrentar um inverno assim, quanto mais em pandemia?), o mínimo que se esperava seria ter os canais televisivos, os jornais, os meios de comunicação governamentais nas redes sociais e na Web a inundarem os portugueses com informação de nutrição, desporto, meditação, psicologia, gestão emocional, educação (…), em dois anos não vi nada disso, antes pelo contrário, o que vemos todos os dias são notícias quase exclusivamente a promover o medo/pânico, a exclusão/conflito (habitantes do Norte vs habitantes do Sul, “aceitacionistas” vs ” negacionistas”, vacinados vs não vacinados, etc), mas nem tudo é noticiário, há o entretenimento através dos programas que vemos que promovem as quezílias e a revolta entre pares, a tristeza, apatia e submissão, a intromissão na vida alheia, a violência, o preconceito e a repressão da sexualidade, tudo de forma muito subtil e até subliminar. Formado em Hipnose com pós-graduações em Programação Neurolinguística e em Inteligência Emocional preocupa-me a ideia de saber que alimentamos a nossa mente diariamente com toda esta informação a atuar incessantemente no nosso inconsciente, sobretudo no das nossas crianças e, naturalmente as causas produzem os efeitos respetivos. A ciência já provou de todas as formas que os sentimentos negativos de medo, tristeza, inveja, ódio, ressentimento, culpa, inveja, ingratidão… enfraquecem o sistema imunitário, o efeito é direto e imediato, por outro lado, sentir o oposto automaticamente o fortalece, tão simples quanto isto, mas continua a parecer algo filosófico ou passado como tal. Porém, se as evidências da ciência não chegam para tomarmos uma atitude talvez a religião o possa permitir e, como representante de um partido Humanista e Cristão acredito que já fosse tempo de entendermos de uma vez por todas o que Ele quis dizer com “Nem só de pão vive o Homem…” Mateus 4:4, o que significa na prática que na nossa saúde existe uma implicação direta não só com a alimentação mas também com tudo o que dizemos, ouvimos e sentimos. Tanto de bom pode ser feito nesta matéria e os políticos têm o dever de o providenciar. Toda a arte e cultura têm um papel absolutamente insubstituível nesta matéria, o comum cidadão não o é obrigado a saber mas é inadmissível que um político (ou todo um governo) ache que se trate apenas de entretenimento e que ajudar o setor da cultura (que está intimamente ligado com a educação) é uma espécie de caridade social para quem escolheu trabalhar nesta área, sem perceber que eliminar a cultura é a forma mais eficiente de eliminar uma nação e por contraponto apostar nela a mais eficaz para produzir a longo prazo uma nação forte e de sucesso. Bem, como socialistas que são, o PS decidiu dedicar apenas 0,25% do seu orçamento este ano à cultura e esperava que este passasse (ou então não esperava porque a crise política lhe seria muito favorável).
A outra medida óbvia seria reforçar o Sistema de Saúde, o nosso ainda primeiro ministro atribui constantemente a culpa para a pandemia, como se até aí estivesse tudo bem, no entanto, nas semanas anteriores ao primeiro caso Covid registado em Portugal, os nossos médicos e enfermeiros manifestavam-se em greves nacionais protestando as suas condições, greves estas consideradas por António Costa de “selvagens e ilegais”, nesse mesmo inverno as crianças no IPO eram colocadas em camas nos corredores por falta de condições e os habituais problemas de atrasos em consultas e intervenções, falta de profissionais de saúde e consequente sobrecarga laboral dos existentes. Nos primeiros meses de 2020, nós, os portugueses criávamos crowdfundings para que com os nossos donativos os hospitais tivessem os equipamentos básicos de combate, como se não contribuíssemos generosamente todos os meses com as nossas contribuições e impostos porque o Estado falhava na sua competência. Gastamos 20 milhões de euros nos ventiladores que só chegaram apenas um ano depois e ainda estamos à espera de metade deles, muitos vinham com defeito e nunca funcionaram. Fomos o segundo país da OCDE que apresentou mais necessidades médicas por satisfazer durante a pandemia (…), mas em vez de um investimento sério na saúde o governo decidiu presentear os profissionais de saúde com uma final da Champions em tempo de pandemia, quando os portugueses eram privados das suas liberdades, do seu sustento, dos cuidados de saúde e do bem estar social. Nesse mesmo ano (2020) seguiram-se Touradas, grande prémio de F1, MotoGP e o já referido Avante, poderia tratar-se de um erro, incompetência, má gestão (…) mas provou ser deliberado quando no ano seguinte estávamos nós em confinamento e trazem-nos outra final da Champions para Portugal. Enquanto nós, os portugueses, não podíamos sair de casa alguns ingleses provocavam desacatos nas ruas e bares quando a famosa variante Delta estava a aparecer em Inglaterra. Como se não bastasse, também em 2021 seguiu-se mais um grande prémio de F1, um MotoGP, um Avante (…) nada contra a criação dos eventos, mas deve ficar definido qual a perspetiva do governo face à pandemia e ser justo e coerente para com os portugueses, não podemos ter um governo “negacionista” quando lhe convém porque lhe traz grandes benefícios enquanto nos priva dos nossos direitos fechando os pequenos negócios, escolas, teatros, cinemas e restantes espetáculos.
Também na economia, a pandemia serviu de “bode expiatório” mas a dívida pública já no início de 2020 batia um record histórico, ultrapassando-o sucessivas vezes até aos dias de hoje. E como este governo está fadado para constar do Guiness da má governação também a carga fiscal atingiu novos records, sendo a sétima mais elevada dos países da Europa Ocidental enquanto recebemos o ordenado mínimo mais baixo de todos, a gasolina é a quarta mais cara, a luz é a terceira e somos o país da Europa que mais paga de gás. O PIB apresenta a segunda maior queda entre os países da OCDE face a 2019.
Podemos assumir que estes resultados refletem “apenas” o modelo socialista implementado e a inevitabilidade das suas consequências, contudo o caso é mais sério pois, à falta de competência acrescem questões que ultrapassam a ética e a legalidade. Nas últimas eleições quase dois milhões de portugueses reelegeram um partido que no seu governo contava com 15 elementos a contas com a justiça mais os 51 casos de familiares diretamente envolvidos. Desde 2016 estes exemplos multiplicam-se e nas eleições tudo parece ser esquecido, mas eu relembro os incêndios em 2017 onde depois da enorme falha do sistema assumida e analisada, três meses passados e o erro repetiu-se! O SIRESP resultou num negócio ruinoso para o Estado custando 6 vezes mais que o suposto (485 milhões de euros), o assalto aos Paióis de Tancos onde estiveram envolvidos e/ou foram demitidos o então ministro da Defesa, o chefe do Estado-Maior do Exército e a Polícia Judiciária Militar. O homicídio no SEF, o homicídio do motorista de Eduardo Cabrita e a triste atuação política perante o caso. António Costa esteve ainda envolvido em fuga ao Fisco, a casa na Avenida da Liberdade onde aprovou, contra o parecer da própria autarquia, uma obra no prédio de uma empresa ligada ao PS onde viria a morar até 2014, o caso EMEL onde foi acusado de abafar um escândalo de corrupção, os benefícios ao GES e ao Grupo Mello, o negócio Picoas e até o aparecimento em várias escutas do processo Casa Pia em conversas com Paulo Pedroso e Ferro Rodrigues, aquele que nos “mandou” para Sevilha durante a pandemia.
Hoje a comunicação social e os “especialistas” e comentadores políticos tratam este governo como um legítimo candidato/vencedor das próximas eleições, induzem a população a acreditar que houve uma boa governação e uma boa gestão da pandemia, e relembro ainda que a recapitalização da TAP custou ao Estado três vezes mais que o total dos apoios às empresas em Lay-off.
Na corrente campanha vemos o primeiro ministro mentindo constantemente sem que tenha consequências por isso, quando disse que eliminou o corte das pensões do tempo da Troika, quando diz que desde 2016 há menos 400 mil portugueses em situação de pobreza ou exclusão social, que desde aí o salário médio subiu 25% e o rendimento global das famílias subiu na mesma percentagem, ou quando diz que o Estado comprou a TAP para a salvar da iminente falência de David Neeleman e o próprio veio exigir um pedido de desculpas pelas afirmações falsas.
Torna-se por isso difícil aceitar que tantos milhões de portugueses escolham este PS para gerir o país, que é muito semelhante ao que nos levou à bancarrota no passado. Tal como eu não aceito que no meu CDS os seus dirigentes não representem devidamente o partido, penso por isso que os eleitores socialistas devam fazer o mesmo pois merecem muito melhor. Aos restantes eleitores peço que ponderem bem a vossa escolha porque um voto no PS significa concordar e pactuar com tudo isto.”
Bruno de Azevedo Correia
Presidente CDS-PP Ribeirão
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