“Tenho uma luz a moer-me, cá no fundo, que decorre, e principalmente, do facto de Putin ter percebido que ninguém lhe faz frente, a segredar-me que esta guerra vai durar…prolongar-se.
Paulo Portas atirou, ontem, no seu “Global”, na TVI, no Jornal das 8, com um palavrão que significa essa angústia de a guerra se ir alongando no tempo.
O conflito – disse ele – vai cornificar-se. Ou seja, vai tornar-se, durante certo tempo, crónica. Estou por essa abordagem, por várias razões fáceis de entender: nenhum País Ocidental está disposto a correr riscos, expondo-se a retaliação nuclear; a China, a Índia e outros Países não têm interesse em confrontar a Rússia e o seu todo poderoso líder comunista; e o Ocidente adormeceu, embalado pelo jogo dos hidrocarbonetos de Putin – petróleo e gás – de que a Rússia é produtora e rica; e, ainda, Putin sabe que o Ocidente não está disposto a correr riscos que possam pôr em causa a Paz Mundial.
Por isso, sinto e pressinto, por dentro do meu ser, que a guerra vai prolongar-se por meses e meses, anos. Talvez 2…
Ter hidrocarbonetos – petróleo e gás – projecta Putin, dá-lhe gigantismo para afrontar. E ele, como todo poderoso do marxismo soviético, força a nota, a de se agigantar, de amedrontar e de deixar quem poderia ajudar a Ucrânia a ficar posicionado, a alguma distância.
Putin soube e sabe como mediocrizar certos Países, como os marginalizar e como os deixar longe para, e na realidade, estarem afastados do terreno para o combater. Não sou ingénuo ao ponto de não registar que o Ocidente vai armando a Ucrânia. Mal seria, também, que não acontecesse, no actual quadro. Putin é uma raposa política. É uma serpente. É um aluno eloquente do marxismo, o que usa todos os meios para atingir os seus fins. O que provoca para medir forças. O que usa e abusa da mentira. O que mina as liberdades das pessoas. O que prende ou julga, enfiando na prisão, os que se manifestam nas ruas. O que escraviza. O que favorece a nomenklatura dos oligarcas do poder para seu benefício próprio e enriquecimento pessoal.
Depois, o que é um perigo, reside na situação de a China, o gigante do Oriente, não conseguir fazer a sua vida, sem o petróleo e o gás da Rússia. Seria estrangular-lhe o seu vasto tecido industrial e outros que lhe possibilitam competir no mercado internacional, fazer trocas comerciais e garantir encher os seus cofres estatais para que, sacrificando o povo, prossiga a sua escalada armamentista, rumo à conquista dos mares e dos Mundos.
Putin quer sangue, quer destruição, quer devastar terrenos, quer humilhar e quer tomar posse da Ucrânia. Mas Putin não contava com o destemor, a valentia e o heroísmo dos ucranianos. Mas Putin não acautelou a logística. Mas Putin não avaliou as consequências das sanções, apesar de se perceber que continua, por baixo da mesa de negócios, a levar petróleo e gás não só para alguns Países do Ocidente mas, também, para a Grande China e Índia.
Vivemos, quer se queira quer não, num tempo de negociatas, de falta de carácter dos maiores líderes mundiais (faltam Estadistas – ver o exemplo de Portugal na guerra dos 6 dias, em 1973) e de se fazer dinheiro de tudo, mesmo que longe da vista e do coração não se vejam cadáveres e não se cheire o “sabor amargo” das bombas e não sejamos atingidos pelas lágrimas pesarosas e afrontadas pelos medos dos refugiados que têm, aos magotes, abandonado a Ucrânia.
Putin vai continuar a mandar bombardear, porque o marxismo tem como valor a política da terra queimada quando pretende atingir os seus objectivos.
O caminho, até agora e amanhã, está livre para Putin. Ninguém lhe faz frente, por ter ameaçado com armas nucleares. Tenho para mim que, e não tardará nada, vai avançar com armas químicas e, depois – é só uma questão de tempo – biológicas. A III Guerra Mundial está em marcha. Temo que tenha vindo para ficar. Vamos penar…”
António Barreiros
Jornalista
Comentários sobre o post