Em entrevista ao Público e à Renascença, Marta Temido disse que espera ter prémios da primeira vaga pagos até ao final do ano.
Os profissionais de saúde que estão a trabalhar na segunda vaga da Covid-19 poderão ter a possibilidade de receber prémios, à semelhança do que vai acontecer aos que estiveram em funções na primeira vaga, em março. Quem o disse foi Marta Temido, Ministra da Saúde, em entrevista ao Público e à Renascença.
“Não há nenhum governo nem nenhum ministério da Saúde em concreto, ou nenhum ministro da Saúde, que não desejasse compensar o mais possível, até aos limites das suas possibilidades, aquilo que tem sido o empenho dos profissionais de saúde”, admitiu Marta Temido, explicando que se está a regulamentar uma norma que é votada na Assembleia da República. “Se houver esse quadro legal, certamente que sim”.
No entanto, admitiu a Ministra, neste momento as prioridades passam pelo recrutamento de mais profissionais para o Serviço Nacional de Saúde (SNS), não se comprometendo com qualquer calendário.
Quem vai poder receber o prémio?
Marta Temido revela que “são os profissionais de saúde – o que também abrange prestadores de atividade de suporte, como, por exemplo, secretários clínicos –, pessoas que estiveram a trabalhar durante o período do estado de emergência, porque a norma tinha esse âmbito, e são pessoas que praticaram de forma continuada por um período de tempo que foi definido e de forma relevante, aferida em tempo de trabalho, em ambiente de resposta direta à covid-19”.
Sindicatos lamentam os critérios para atribuição do prémio
Os sindicatos de enfermeiros e de médicos lamentam os critérios apertados que irão deixar muitos profissionais do SNS de fora. Apenas terão acesso ao prémio – que atribui 50% do ordenado base do trabalhador pago de uma só vez e mais dias de férias associados a horas de trabalho feitas em horário normal e de forma extraordinária – os profissionais que durante os 45 dias do primeiro estado de emergência tenham trabalhado 30 dias de forma consecutiva em serviços dedicado à covid-19, assim como saúde pública e funcionários do INEM que tenham estado envolvidos no transporte destes doentes.
Os quatro sindicatos ouvidos pelo jornal Público referem que esta solução é “discriminatória”, já que os critérios deixam de fora profissionais que, não estando envolvidos diretamente na assistência a doentes covid-19 infetados ou suspeitos, acabaram por lidar nos seus serviços com casos suspeitos e porque não valoriza a restante resposta não-covid-19. Acresce a questão de o prémio acabar por ser entregue numa fase em que a pandemia em Portugal é mais grave do que em Março, com mais casos positivos e mais profissionais envolvidos nesta resposta. Para os profissionais que estão agora na linha da frente não existe nada definido.
Bastonário dos Médicos lamenta o aproveitamento político
Miguel Guimarães, bastonário dos Médicos, reagiu em comunicado a esta medida lamentando “publicamente a propaganda, injustiça e aproveitamento político que a tutela está a fazer com esta suposta recompensa”.
“De acordo com as informações vindas a público, o ‘prémio’, na prática, coloca uma série de entraves e condicionantes que limitarão ainda mais o número de médicos e de outros profissionais de saúde abrangidos. Uma ilusão desonesta que não dignifica nem respeita a responsabilidade, competência e qualidade dos nossos médicos”, lê-se no comunicado da Ordem dos Médicos.
Fonte: Público
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