Um partido que arrancou com Abril e que participou na construção da nossa Democracia, o CDS, está a atravessar o deserto. O CDS, agora PP, deixou de ter representação parlamentar. Já nem é o partido do táxi quando, no verão de 1987, ficou com 4 deputados. Chicão tornou-o um partido duplamente conservador e, também, intolerante. Não nos podemos esquecer que somos um País de brandos costumes e o povo é sereno. Muitos bateram com a porta. Os liberais apearam-se. No passado fim-de-semana, em Aveiro, a nova cara de presidente, Nuno Melo, deixou vincado (cito): “ Não vou desvalorizar aqueles outros que também fazem parte do CDS, nomeadamente os que se reveem mais em teorias conservadoras ou liberais”.
O CDS/PP tem muitas responsabilidades nas esferas Europeia e do Poder Local. Está vivo. Mas o partido tem um problema de fundo: não sabe comunicar e não consegue descer às bases. Bem se pode dizer que se distanciou do País Real, da Província. Tem de escutar. Uma outra questão, que deve, e também, merecer análise: como chegar aos mais novos que são mais afoitos a não ligarem a coisitas de lana caprina?; a debaterem-se pelo diálogo para promover mais harmonia e existir paz social? Ou seja, os jovens, os de hoje, querem perceber os projectos partidários, integrando-os e tendo voz activa. Serem parafusos da engrenagem…querem contribuir com novas ideias, porque boa parte sabe o que diz e como fazer. A malta quer tudo mais claro, transparente e com verdade. Têm outra mentalidade, mais arejada.
Nuno Melo tem um labor e uma acção ciclópica para realizar. Colocar os CDS/PP, novamente, nos trilhos que lhe deram presença, força, dinamismo e o segmento que ocupou na sociedade portuguesa, como força político-partidária. É tarefa que exige, entre outras: determinação para congregar militantes e simpatizantes de ontem; imaginação para recriar o projecto; a dose discursiva em apelo aos desertores; reorganização interna; reestruturação programática sem fuga aos princípios democratas-cristãos e à moldura democrática da nossa sociedade, mas com a nova visão do Homem, da Sociedade e da Vida; e defesa de escrutínio, sério, dos Governantes, das Entidades e dos Servidores do Estado para se exterminar a corrupção. Fundamental: nova Lei Eleitoral. Portugal precisa do CDS/PP. A Democracia agradece. A liberdade também. Permitam-me dizê-lo: há vozes que contribuem para o compromisso social, o da Dignidade Humana…
António Barreiros
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