Imagem: CNN Internacional
A organização Wan-Ifra e a UNESCO divulgaram esta segunda-feira, dia 23 de agosto, dois comunicados relativamente à situação dos jornalistas e profissionais dos meios de comunicação social que estão atualmente a trabalhar no Afeganistão.
Estes mesmos comunicados, que se podem ler abaixo, apelam à ajuda para todos os profissionais dos media que estão presos em território afegão e que pretendem sair. Evidenciam também a ajuda necessária para manter estes profissionais em segurança, e ainda para que a informação transmitida seja transparente e respeitada.
Comunicado WAN-IFRA:
Tenho a certeza de que muitos de vocês estão a acompanhar as tristes notícias relativamente ao que está a acontecer no Afeganistão.
Estamos a receber muitas questões sobre a situação de centenas e centenas de jornalistas, profissionais de meios de comunicação social e suas famílias que desejam deixar o Afeganistão e sobre a segurança daqueles que optaram por ficar. Supondo que estará a lidar com o mesmo tipo de questões, gostaria de partilhar os seguintes elementos imediatos reunidos nas discussões com as alianças de segurança globais e redes de coordenação às
quais a WAN-IFRA pertence e com as quais colaboramos.
Parece que a melhor maneira de os ajudar é pressionar os governos individuais com urgência, bem como defender junto aos países da região (Paquistão, Índia), concederem vistos para os que desejam sair e fazer pressão política para ajudá-los. Dinheiro e doações também são necessários para conseguir e financiar escoltas até o aeroporto e apoiar as pessoas que ficam. Fomos informados de que alguns conselheiros de segurança em Kabul afirmam ter acordos com os Talibãs para chegar ao aeroporto, 9.100 euros x 68 pessoas, mas sem garantia.
As prioridades imediatas são:
Ajudar as pessoas em situação de risco que precisam de sair do país com as suas famílias (vistos, passagem segura, manter as forças no aeroporto).
Financiamento (fornece caminhos para a entrada de dinheiro, reaproveitar linhas para entrada de dinheiro, fundo de emergência para jornalistas afegãos).
Vários meios de comunicação estão a compilar as suas próprias listas e casos de jornalistas em risco que precisam de sair do país. A este ponto, é impossível proceder à partilha destas listas e compilação numa lista única. A quantidade de casos é avassaladora. No entanto, estamos empenhados em facilitar a coordenação da melhor maneira possível. O Grupo Journalists in Distress (JID), o mecanismo de coordenação de assistência a jornalistas e de resposta a crises que opera há mais de uma década, parece ser o melhor lugar para facilitar
essa mesma coordenação. Solicitamos aos meios de comunicação que partilhem as suas listas com o grupo JID através do Signal. Entre em contato com os coordenadores do JID pelo e-mail: catalina@cpj.org, vanherwijnenjantine@gmail.com. As listas foram partilhadas com os diferentes governos, embora isso não garanta a evacuação. O grupo JID também concordou em manter uma lista de jornalistas que chegaram a um local seguro fora do Afeganistão, para que possa ser retirada das listas de organizações individuais.
O desafio é enorme.
Obrigada pelo apoio,
Vincent Peyregne
Comunicado UNESCO:
UNESCO pede respeito à liberdade de expressão e segurança dos jornalistas no Afeganistão
Paris, 20 de agosto – A Diretora-Geral da UNESCO, Audrey Azoulay, pediu que a liberdade de expressão e a segurança para os jornalistas no Afeganistão sejam garantidas, em pleno respeito às normas internacionais e às obrigações de direitos humanos. “O acesso a informações confiáveis e ao debate público aberto, facilitado pelos media livres e independentes, é crucial para que os afegãos alcancem o futuro pacífico que merecem”, disse a Diretor-Geral. “Ninguém deve ter medo de dizer o que pensa neste momento crítico,
e a segurança de todos os jornalistas, incluindo a das mulheres, deve ser especialmente garantida.”
A UNESCO continua empenhada em continuar a apoiar de todas as formas possíveis a liberdade de expressão e o acesso à informação para todos os afegãos. Nas últimas décadas, a UNESCO tem orgulho de participar no crescimento de um sector de meios de comunicação social que seja vibrante e diversificado no Afeganistão, que continua a mostrar uma enorme dedicação em servir o público, mesmo face a violência e ameaças. Durante este ano, pelo menos sete jornalistas, quatro deles mulheres, foram mortos no trabalho, de acordo com dados da UNESCO.
A UNESCO insiste que o importante progresso alcançado não deve ser desfeito e, em particular, que as jornalistas devem continuar seu trabalho crucial. A Organização nota declarações recentes de que não haverá ameaças ou represálias contra jornalistas e apela para que isso seja respeitado e monitorado de perto em todo o país.
O trabalho da UNESCO nos últimos vinte anos tem incluído auxiliar na formulação de novas estruturas legislativas, contribuindo para o desenvolvimento dos media comunitários, melhorando a educação em jornalismo, promovendo sensibilidade de gênero, bem como reforçando a transmissão educacional. Mais recentemente, a Organização tem apoiado as redes de confirmação de informações para verificar e publicar de forma profissional a crise do COVID-19.
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