O valor da amizade não se contabiliza em papel ou em programa computorizado de excell. O valor da amizade não se dimensiona, em leitura técnica, como quem vai fazer um RX, uma Tomografia ou uma Ressonância. O valor da amizade não se rastreia, utilizando um scanner para se observar, por meio de imagens, a mancha dessa relação entre humanos. O valor da amizade não se mede, não se pesa, não se quantifica, não se avalia nem tão-pouco se descobre a olho nú…
A amizade, quando sentida, é uma luz, uma torrente, um protão de energias e uma força que só os humanos sabem viver, partilhando-a e doando-a. A amizade é um dos sentimentos mais nobres e sublimes quando tem estrado, chão e âncora sólida. Quem dera, a muita boa gente, contar com um amigo no pino da desgraça, da tristeza, da dor, do sofrimento mas, também, do sorriso rasgado, da vitória e das maiores felicidades da Vida.
Espalhamos a amizade, devendo fazê-lo sem olhar a quem. Aliás, o povo sabe dizê-lo, na sua sabedoria. Por mim falo, porque toda a vida soube fazer amigos. Revisito-os, o que me dá alento para prosseguir a Vida. Todos vós, na sua proporção pessoal, creditam amizades, também. O nosso espírito alimenta-se de amizades, não nos podemos esquecer.
Por estes tempos, os das novas tecnologias, em que as redes sociais, os telemóveis e os computadores, são a base maior dos conhecimentos que a maioria tem…estamos a perder a nossa matriz humana. Sem rostos, as mais das vezes. Sem vozes, outras. Com fotos que se ajustam a falsidades. E está a aparecer a Inteligência Artificial em que as máquinas, as das novas tecnologias, falam por nós, pensam por nós, fazem por nós, mostram-se por nós, lêem por nós, traduzem por nós, respondem por nós. Possibilidade futura, vão relacionar-se connosco, cumprimentar por nós, saudar por nós e até amar por nós. A malta nova já navega nessas águas…
Ficaremos sem presenças. Ficaremos, pelos próximos tempos – não adivinho muitos – alérgicos ao toque pessoal, aos beijos, aos afectos, aos sorrisos, aos diálogos e ao benfazejo de tudo o que nos faz seres humanos. A sensação é que já estamos nesse caminho. Seremos escravos das máquinas, esvaídos de sentimentos, plastificados… Quantas famílias têm nas suas faldas, nos seus interstícios e nas suas alcofas agentes divisores e que gostam das sinfonias das invejas, provocando a discórdia?
Volto à amizade para dizer que sem ela o Homem viverá guetizado, amordaçado, isolado e silenciado. O Homem ficará cego porque não saberá olhar para si próprio e para os outros. O Homem ficará digitalizado.
Quero saudar a amizade. A que consigo, passados tantos anos da minha vida, continuar a oferecer a quem me estima e respeita, assim como a quem me ama e amo. Um voto: traz um amigo, também…Não te deixes levar pela afronta e pela escravatura da maquinação e das novas tecnologias. Deixa o plastificado…
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