Uma vida livre de máscaras e distanciamento social? Não para já, mas os vacinados podem “relaxar” em alguns casos
Jantares sem ter de pensar em “bolhas sociais”, assistir a concertos no meio de uma multidão, viajar sem preocupações, abandonar as máscaras. Nada disto vai ser para já, mas à medida que aumenta a cobertura da vacinação podemos estar mais próximos de um “aligeirar” gradual de medidas e restrições e de começar a recuperar alguma normalidade.
Com o ritmo de vacinação contra a covid-19 a aumentar na Europa, o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) atualizou as orientações sobre o uso de máscaras e distanciamento físico em função dos avanços na vacinação, admitindo até, em alguns casos, o relaxamento nas medidas de distanciamento e no uso de máscara entre pessoas já vacinadas.
O relatório acrescenta que indivíduos totalmente vacinados, se infetados, podem ter menos probabilidades de transmitir o vírus aos seus contactos não vacinados. Mantém-se, porém, a incerteza quanto à duração da proteção nestes casos, bem como sobre a proteção contra as variantes emergentes do SARS-CoV-2.
Por isso, o relatório traça vários cenários possíveis de interação e um deles visa a possibilidade de relaxamento do uso de máscara e até do distanciamento físico entre pessoas já vacinadas – relembra-se que por “vacinada” entende-se a pessoa que recebeu duas doses da vacina há mais de 14 dias.
Outro cenário possível que permite o “relaxamento” das medidas de prevenção visa o encontro entre alguém não vacinado que se encontre com outra pessoa completamente vacinada, desde que nenhum dos indivíduos tenha um fator de risco (como comorbilidades ou doenças associadas). No entanto, salientam que o risco de desenvolver de doença grave varia em função da cobertura vacinal da população em geral, da idade, das condições de saúde associadas, das variantes de preocupação, e da situação epidemiológica.
De acordo com o documento, perante o atual cenário da UE, que ainda regista uma elevada circulação do novo coronavírus, as medidas de proteção individual devem ser mantidas em espaços públicos, grandes ajuntamentos e viagens, independentemente de a pessoa estar ou não vacinada.
Em declarações ao SAPO24, Luís Graça, imunologista, investigador do Instituto de Medicina Molecular (iMM) e membro da Comissão Técnica de Vacinação, explica que “à medida que vamos caminhando para uma maior percentagem da população protegida, progressivamente as pessoas mais vulneráveis vão estando mais protegidas e a disseminação do vírus vai sendo cada vez menos frequente e o vírus passa a estar mais controlado, de certa forma, o que permite fazer uma normalização da nossa vida”.
Para já, o cenário em Portugal é positivo, com uma transmissão moderada do vírus e com a entrada na segunda fase do plano de vacinação e uma maior disponibilidade de vacinas por parte das empresas farmacêuticas fornecedoras, o ritmo de vacinação regista um aumento significativo. A ‘task force’ previa a administração de 100 mil doses diárias na próxima semana, contudo, o objetivo foi antecipado e foi já alcançado na última quinta-feira. Desta forma, o país ficará mais perto de atingir o objetivo de ter todas as pessoas com mais de 60 anos vacinadas até ao final de maio, dando por concluída a vacinação do intervalo etário que representou 96% das mortes por covid-19.
Enquanto se pondera como poderá ser o percurso para o regresso à normalidade em Portugal, vale a pena olhar para outras geografias, como Israel, Reino Unido e até Estados Unidos – três dos países com o processo de vacinação mais avançado.
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