Faz nesta data, um cento de anos, a figura incontornável, dos sécs. XX e XXI, de Adriano Moreira. Trata-se de um Cidadão, Académico, Universitário, Governante, Político e Deputado que nos deve orgulhar. Faz sentido, por isso, dedicar-lhe, hoje, este nosso Editorial. Traçar-lhe o perfil configura-se como tarefa difícil, até porque, e no seu trajecto centenário de vida, já foi retractado bastas e vastas vezes.
Adriano Moreira nasceu a 6 de Setembro de 1922, em Grijó, Macedo de Cavaleiros, para lá dos Montes que nos obrigam, aos que estão a sul, passar o Douro. Adriano é esguio e alto. Tem construção física das penedias durienses. Veste-se com um carácter da robustez das gentes transmontanas que não vergam, que não se torcem, que se apresentam humildes…mas Adriano sabe mostrar-se indefectível em dois perfis humanos: no estar e no ser.
Homem de vida cheia, como o próprio a define, repartiu-se pelos seus Direitos, pela Fundação e pelo exercício da docência no Instituto de Ciência Política, o antigo Instituto de Ciências Sociais e Política Ultramarina, tendo sido Presidente da Sociedade Portuguesa de Geografia e, também, do seu CDS, de 1986 a 88.
Personalidade marcante do Estado Novo não só por ter sido Ministro do Ultramar, entre 1961 e 63, Adriano Moreira, nessa sua missão executou, com relevo, o que se destaca: a revogação do Estatuto do Indigenato para o Ultramar; promoveu legislação para a igualização dos portugueses que viviam, na altura, no Ultramar, aos que residiam na Metrópole; aboliu o trabalho forçado; e esteve na promoção da abertura das Universidades em Angola e em Moçambique.
O seu papel na transicção da ditadura para a democracia é por todos reconhecido e aplaudido, mas quando em 1975 foi ao Brasil, acabou por ficar, porque o MFA o perseguia. Por lá se deixou a dar aulas e só voltou, a Portugal, em 1977. É preciso dizer que entrou no CDS, em 1979, donde nunca mais saiu, acabando, como já o dissemos, por ter sido, Presidente desse partido. Figura respeitada pelas Forças Armadas portuguesas, Adriano Moreira tem uma das suas maiores paixões no MAR, a que tem dedicado alguns dos seus escritos e ideias. Uma outra paixão é a língua portuguesa, tendo concorrido para a força da lusofonia.
Crítico nos tempos em que o devia ser, Adriano Moreira, um dos mais lúcidos e ajustados homens da vida que já percorreu com a transicção de um século – soube perceber a história; entendeu as mudanças; e deixou-se transformar para acompanhar os tempos – argumentou um dia sobre Portugal: falta ao País reorganização do conceito estratégico nacional. Opino que não encontrámos ainda e nem estamos preocupados em descobrir e colocar em marcha esse desiderato.
Adriano Moreira no seu cento de anos não deixa dúvidas sobre quem foi e é: um português de quatro costados, como só dizer-se, que serviu os portugueses e Portugal sem se ter servido deles e do País. Daqui, do Minho, o Famalicão Canal envia-lhe uma saudação pela sua festividade de hoje – um século de vida – e saúda-o, agradecendo-lhe todo o seu mourejar durante estes cem anos e, também, a sua contribuição, inteligente, sagaz, nobre, patriótica e de mérito para a Vida de Portugal e das suas gentes. Bem-Haja Professor Adriano Moreira.
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