As obras que as Infraestruturas de Portugal, Empresa Pública, está a realizar, desde meados de Dezembro do ano passado, na EN-206, em Gondifelos-Famalicão, numa área central dessa terra, representa bem a mentalidade que campeia, ainda, na maioria dos departamentos do nosso Estado.
Essa Entidade que superintende nas rodovias nacionais e não só, decidiu, sem passar cartucho ao Município e à União de Freguesias de Gondifelos, Cavalões e Outiz, proceder a obras em passeios, cortando alguns estacionamentos que fazem falta a quem se serve dessa zona comercial.
O nosso Órgão de Comunicação Social recebeu críticas dos proprietários de comércios ali sedeados, o que nos motivou a ir ver e a ouvir. Além disso, contactámos a autarquia famalicense que nos respondeu. Resposta que, em termos gerais, revela que a Câmara não foi informada da empreitada em curso e dos trabalhos a realizar. A mesma nota do Município esclarece que (cito): “o conhecimento desta intervenção foi dado, através de um pedido, por parte da IP para mediar a alteração do local do posto de telefone e da paragem de transporte público”. E mais informa a autarquia (cito, de novo): “a obra é da inteira responsabilidade da IP pelo que qualquer pedido de informação deverá ser remetido a essa Entidade”.
Ontem, como se recordam, fomos ao local e fizémos reportagem. Uma chuva de críticas dos comerciantes ouvidos que assinalam que não foram tidos nem achados para o curso das obras, assim como, e em face do decurso dos trabalhos, a passo de caracol, como denunciaram, somam prejuízos. Acresce, como deixaram dito, serem penalizados em estacionamentos que vão ser diminuídos.
O Presidente da União de Freguesias de Gondifelos, Cavalões e Outiz, Manuel Novais, mostrou-se surpreso pela falta de diálogo da IP, bem como, em serenidade de discurso, gostaria, como adicionou em palavras, que essa Entidade do Estado o tivesse informado, a tempo, do que promoveria em obras.
Neste País, ainda há certas empresas públicas que pensam que vale tudo…que se apresentam majestáticas…que se se estão nas tintas para os Órgãos do Poder local que são legítimos representantes do povo…que se movem sem perceber que a Democracia é e exige a participação de todos… e que qualquer projecto, antes de ser processado, tem de merecer a aprovação de todas as Entidades que envolve e que têm a jurisdição do território.
O Poder Local, que tem a força que lhe é concedido pelo voto popular, não pode, em indiferença, deixar passar este tipo de atuação prepotente, sob pena de, um destes dias, sem dar por ela, ficar submerso pela vontade e pelo superior zelo, a mais, de uns quantos nomeados pelos amigos do poder central. As Infraestruturas de Portugal pelo menos no que diz respeito ao Concelho de Famalicão, tem muito para fazer: tapar buracos e limpar as bermas de muitas das estradas que lhe estão entregues. Isso sim é que seria trabalho. Quem escrutina a ação das Infraestruturas de Portugal do Distrito de Braga? Os senhores deputados do círculo eleitoral de Braga devem pedir esclarecimentos e, também, denunciar esta forma de agir da IP. E o Poder Local deveria saber denunciar, aqui e em Lisboa, o que essa Entidade não tem conseguido fazer, apesar da missão para que foi criada.
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