Dia de reviver tradições em Arnoso Santa Eulália. Tradição antiga da desfolhada do milho atraiu a comunidade.
A freguesia de Arnoso Santa Eulália voltou a demonstrar que as tradições desta comunidade estão e vão continuar vivas. O dia de sábado foi dedicado ao corte e desfolhada do milho, que se iniciou às 14h30, junto à Capela da Nossa Senhora do Fastio. Organizado pela Associação de Concertinas Monte Santo André e inserido também no contexto do programa “Há Cultura” da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão, contou com um encontro de concertinas que animaram o trabalho noite fora. Já o porco no espeto deu a energia necessária para a desfolhada do milho, depois da ceifa terminada.
O Presidente da Associação de Concertinas Monte Santo André, José Fortunato, afirmou que esta é uma tradição “para continuar e que não é para esquecer”. Este grupo tem mantido a tradição viva pelo gosto coletivo e pela recetividade que comunidade sempre demonstrou. “A tradição não morreu porque nós adoramos e vamos tendo mais pessoas a apoiar. Esta é uma desfolhada que temos feito ao longo dos anos em Santa Eulália. Houve uma altura que isto parou e as concertinas amarraram com força”, relembrou.
Esta Associação existe há mais de 10 anos e tem trabalhado para dinamizar a vida da freguesia em todas as áreas. Para o Presidente, o sentimento é de satisfação por todo o trabalho até aqui realizado. “Sinto-me muito contente porque o pessoal adere às nossas atividade que vamos fazendo durante o ano. Temos o encontro de concertinas, o passeio anual e outras várias atividades que vamos realizando e que todos vão aderindo”, enunciou.
Amadeu Araújo, um dos membros da Associação de Concertinas Monte Santo André, relembrou a importância de “reviver os velhos tempos”, em que a desfolhada do milho se fazia à mão. “Infelizmente agora é tudo mecanizado. Em Santa Eulália continua a viver-se a tradição todos os anos. A Associação de Concertinas Monte Santo André está de parabéns por promover esta iniciativa e não deixar morrer a tradição”, congratulou.
A pandemia impediu a realização desta tradição no ano passado, mas como referiu Amadeu Araújo, este ano, a comunidade retomou “em grande”, garantindo ainda que a tradição “é para continuar e não vai morrer”. E melhor não podia ter corrido. Muito milho para desfolhar, música e concertinas para animar quem estava presente, porco no espeto e o espírito de entre ajuda que rumou noite fora até a meda estar completa.
O Presidente da União de Freguesias de Arnoso Santa Maria, Santa Eulália e Sezures, Jorge Amaral, explicou que esta é uma tradição que a Associação de Concertinas Monte Santo André tem vindo a manter ao longo dos anos. Como referiu, esta atividade foi um “2 em 1”, com a tradição da desfolhada a ser acompanhada pelo encontro de concertinas, que costumava ser realizado em agosto.
A noite foi de festa e de animação por voltar a reviver uma tradição já antiga. A comunidade aderiu e não faltaram pessoas a ajudar. “É habitual termos muita gente de fora, que nos visita aqui para fazer a desfolhada. Estávamos céticos quanto à presença de pessoas, mas pela moldura humana, quer a trabalhar quer a assistir, e quer também pela felicidade que estes grupos transmitem depois de tanto tempo sem atuar, é uma felicidade muito grande nesta noite aqui em Arnoso Santa Eulália”.
“Este é o ADN de Famalicão do Norte. É uma felicidade muito grande termos esta alegria e esta é uma tradição que não traz só os jovens. É muito gratificante ter pessoas aqui de mais idade todas alegres a desfolhar par manter as tradições do antigamente”, destacou.
Para o futuro, Jorge Amaral realçou ainda que é o objetivo da sua equipa “manter e até aumentar estas tradições”, destacando que são estas que dão “vida a uma freguesia, que fazem com que a população saia de casa”.
Mariana Costa, uma das jovens que ajudou na desfolhada, revelou já ser presença assídua nesta tradição e salientou a importância dos mais novos conhecerem as tradições antigas. “É sempre importante as novas gerações participarem nestas atividades para relembrar os nossos antepassados”, destacando ainda que na freguesia de Santa Eulália há “muitas atividades no sentido de reavivar tradições”, nas mais variadas áreas.
Reviver o passado é outras das razões que fez com que a moldura humana fosse tão visível. Outro dos participantes, José Alberto destacou precisamente que esta é uma tradição que, “infelizmente, faz parte do passado”, mas revela que “é de louvar” a organização da Associação de Concertinas Monte Santo André que todos os anos tentam organizar esta atividade.
“Esta Associação é bastante dinâmica e tenta incutir sempre estes momentos especiais que toda a gente gosta. Traz toda a comunidade e outras pessoas de fora que estão a colaborar com esta iniciativa. Faz reviver não só aqui nesta freguesia, mas também quem vem de fora”.
Uma das participantes recordou também quando, mais nova, participava também nas desfolhadas e revela que era igual, com concertinas e muita animação.
“Naquela altura aparecia muitos rapazes para as desfolhadas”, e quando a espiga vermelha era encontrada “era uma festa”, afirma. A tradição da espiga vermelha, a rainha, era uma das tradições antigas, quem a encontrasse teria a hipótese de beijar uma senhora, que funcionava assim como um pretexto para conquistar alguém.
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