Esta sexta-feira, dia 4 de fevereiro, assinala-se o Dia Mundial da Luta contra o Cancro. A propósito desta data é importante relembrar uma série de alertas, especialmente neste contexto atual de pandemia.
A Liga Portuguesa Contra o Cancro traça um retrato da realidade oncológica desde o surgimento do novo coronavírus. Em comunicado, avança com a estimativa de que a doença matou 30.168 pessoas em Portugal em 2020. Um número cuja tendência, avisa a Liga, é continuar “a crescer nos próximos anos face aos atrasos do diagnóstico e tratamento, sendo que o grande impacto nas mortes por cancro deverá sentir-se dentro de um a cinco anos”.
Assinalando a data, o alerta da organização responsável por rastreios e apoio a muitos doentes oncológicos alerta que “é importante e urgente que se verifique uma reorganização do sistema nacional de saúde em defesa do doente e uma maior aposta em programas de prevenção, deteção precoce e tratamento do cancro em Portugal”, para que exista também uma reorganização dos Cuidados de Saúde Primários focada nos diagnósticos e na referenciação do doente com esta patologia.
Naquilo que diz respeito ao programa de rastreios oncológicos nos cuidados de saúde primários, dados do Estudo do Movimento Saúde em Dia já tinham mostrado uma quebra de 18% no total de mulheres com mamografia realizada, de 13% daquelas com registo de colpocitologia atualizada e de 5% de utentes com rastreio do cancro do colon e reto efetuado.
A LPCC alerta: “Os dados sugerem que muitos casos de novos cancros ficaram por identificar durante os anos de pandemia”.
A prevenção é um dos fatores de maior importância. Partilha o Observador, que a prevenção é o principal trunfo, pois cerca de 40% dos cancros são evitáveis mediante a adoção de estilos de vida saudáveis: assumir medidas antitabágicas, reduzir o consumo de bebidas alcoólicas, redução da poluição ambiental, reduzir a ingestão excessiva de hidratos de carbono e alargar a vacinação contra o papiloma vírus humano.
Melhorar a deteção precoce do cancro é outra das diretrizes fundamentais. É importante investir no melhoramento da adesão da população aos rastreios existentes do cancro. A realização de exames de diagnóstico de uma forma regular é, assim, fundamental para a deteção da doença numa fase precoce.
No âmbito desta data, são várias as iniciativas que estão a decorrer em todo o país. Nomeadamente, o Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (Ipatimup) está a promover um ciclo de sessões sobre literacia de cancro, designado “Tratar o cancro por tu”. Os municípios escolhidos para receber a iniciativa são Porto, Braga, Coimbra, Lisboa, Vila Real e Évora. Em cada uma das seis sessões, é abordado um cancro diferente – pulmão, mama, leucemias e linfomas, cólon, próstata e pele – e em cada uma dessas sessões irão participar especialistas em diferentes áreas médicas e cirúrgicas. O objetivo é discutir assim as terapias mais recentes no combate ao cancro, simplificar conceitos, alertar para a necessidade do diagnóstico precoce, e colocar os doentes no centro da discussão. Esta terça-feira, dia 3 de fevereiro, a sessão foi em Braga, dedicada ao cancro da mama.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, apelou também hoje à urgência de reunir esforços para recuperar e ultrapassar o impacto que a pandemia causou na área do cancro. Numa nota publicada no site da Presidência esta manhã, considerou que é fundamental utilizar todos os recursos disponíveis para benefício dos cidadãos.
A nota do chefe de Estado assinala assim o Dia Mundial da Luta Contra o Cancro. Além de se dizer próximo à causa, Marcelo Rebelo de Sousa salientou que “urge reunir esforços para recuperar e ultrapassar o impacto que a pandemia causou nesta área, e assim minorar o sofrimento de tantas pessoas e suas famílias”.
“Hoje, mais do que nunca, vivem-se tempos de esperança, ao estarem ao alcance novas formas de prevenção, deteção e tratamento, sendo da responsabilidade de todos a utilização destes recursos em benefício das pessoas”, pode ler-se na nota.
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