A tomada de posse em Ribeirão ficou marcada pela agitação e instabilidade política, que dificultou o decorrer da cerimónia de forma normal. Leonel Rocha, que venceu as eleições em Ribeirão, pela coligação Mais Ação, Mais Famalicão (PSD/CDS-PP), viu chumbada pela oposição (Movimento Independente Juntos por Ribeirão e o Partido Socialista) a sua lista proposta para a formação do Executivo da Junta de Freguesia. O mal-estar na sala foi instantâneo e à medida que as intervenções foram surgindo os ânimos começaram a ficar agitados.
A tomada de posse estava agendada para este domingo, dia 10 de outubro, pelas 11h, mas o presidente de Junta eleito, Leonel Rocha, sem maioria absoluta, não conseguiu que a proposta que apresentou fosse aprovada. O executivo vai continuar a funcionar, com o ex-vereador como Presidente de Junta, e com dois vogais que transitam do executivo anterior.
O Movimento Juntos por Ribeirão não aceitou a lista apresentada, criando um mal-estar na sala onde foram dirigidos apupos. Ricardo Santos interveio dizendo que, do resultado das eleições, só se pode garantir que o Presidente de Junta é Leonel Rocha, «mais nada». “Ler que 43% quiseram a Coligação como Presidente de Junta é também ler que 57% não quiseram, e é por isso que a Assembleia de Freguesia é constituída pela oposição”, defendeu.
“Não faz sentido que no Executivo da Junta de Freguesia esteja em maioria quem ganhou as eleições”, afirmou, perante os comentários agitados do público presente.
Paula Santos, do Movimento Independente Juntos por Ribeirão, explicou o voto contra a lista proposta do Executivo, visto que “não refletia os resultados eleitorais do passado dia 26 de setembro”. Defendeu ainda que “esta situação é sinal de mudança”.
A líder do Movimento Juntos por Ribeirão garantiu que não teme que os ribeirenses alterem a sua opinião, assegurando que tudo será resolvido de uma forma ou de outra. “Enquanto Presidente de Junta tem que criar um Executivo que seja o reflexo do resultado eleitoral”, reforçou.
“Votaram em nós 1891 pessoas, nós temos que estar representados. E mesmo que não estejamos representados, tem que haver um diálogo”, defendeu.
Já Vera Rocha, do Partido Socialista evidenciou que a lista proposta “não respeita, nem no todo, nem em parte, a vontade expressa pelos ribeirenses no sufrágio do dia 26 de setembro, que ditaram que o partido vencedor governasse sem a maioria”.
“A lista apresentada, para nós, é isso que reflete, que querem governar sozinhos e nós não concordamos com isso. O Partido socialista vota claramente contra”, sustentou.
Em resposta, e depois de alguma discussão, Leonel Rocha interveio para explicar a situação aos presentes e responder à discussão da interpretação dos resultados.
“A nossa interpretação é que os ribeirenses nos deram o mandato de governar, com a consciência que temos que governar com as pessoas que estão na oposição e para isso existe uma Assembleia de Freguesia, onde efetivamente têm a maioria”, avançou.
“O povo de Ribeirão votou em Mais Ação Mais Famalicão para governar a vila de Ribeirão. As pessoas quando votaram sabiam quem eram as pessoas que estava destinadas para a Junta de Freguesia, os 5 primeiros elementos, e foi isso que eu agora aqui apresentei. Procurei ser coerente com aquilo que sempre disse” explicou referindo-se à lista apresentada para o Executivo.
Para o atual presidente da Junta, a oposição quer governar de qualquer maneira. “O que aconteceu aqui é que temos três forças na Assembleia de Freguesia e duas destas forças que estão na oposição acham que ganharam as eleições e querem governar em Ribeirão, fazer uma espécie de Troika a dois. Só que efetivamente as regras da Junta de Freguesia não é isso que ditam”, começou por esclarecer.
Defendeu ainda que «houve tempo para diálogo, foram apresentadas propostas às pessoas da oposição», mas que não foram aceites nem apresentadas contra-propostas, o que já fazia prever uma situação de eleição sem resultado positivo.
No entanto, para Leonel Rocha esta situação não é um obstáculo para o rumo de desenvolvimento da Vila: “Aquilo que nos move é trabalhar em prol de Ribeirão, não vemos aqui um grande obstáculo. Vemos uma situação que temos que lidar com ela, saber dialogar com as pessoas, tal como iríamos fazer mesmo com a maioria”.
De recordar que Adelino Oliveira abandona a presidência da Junta de Freguesia e que os ribeirenses sempre reconheceram neste um Presidente de união e coesão. Já se tinha apercebido «de uma certa tensão nos grupos eleitos», o que fazia prever que alguma coisa pudesse não correr da melhor forma. “No entanto, tive sempre alguma esperança que as pessoas se conseguissem entender e que pudessem chegar a acordos, que é aquilo que se faz numa democracia quando alguém não tem maioria”.
Não era este o cenário que tinha idealizado para a sua saída: “Não foi a melhor despedida para mim. Eu gostava de ter deixado a Junta entregue com outra estabilidade, mas há fatores que não controlamos e o que é preciso agora é que o novo Presidente de Junta trabalhe com empenho e disso eu não tenho dúvida. Leonel Rocha é uma pessoa com muita experiência, muito dinamismo e que certamente vai continuar a levar Ribeirão aos patamares que sempre esteve nos últimos anos e que terá que estar forçosamente no futuro”, garantiu.
Em paralelo à polémica, o Presidente de Junta cessante agradeceu a todas as pessoas, colaboradores e à Câmara Municipal. “Quero agradecer todo o apoio que me deram, a paciência que tiveram comigo para que nós em conjunto pudéssemos desenvolver o melhor trabalho por Ribeirão”, realçou.
Sobre o seu percurso como Presidente de Junta mencionou «um trabalho por vezes árduo, mas muito aliciante». Referiu o orgulho em ter desempenhado estas funções e destacou o apoio dos ribeirenses pelo apoio a «cada momento» e por todo o carinho. “Saio de coração cheio e com sentimento de dever cumprido”, concluiu.
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