A memória, a dos esquecimentos, persegue a vida portuguesa. Parece que fomos crivados de complexos por certas baforadas de ideias partidárias e outras que se vão entretendo a abafar o curso e o percurso da nossa História, a que nos fez Nação.
Hoje, devíamos estar a comemorar Afonso Henriques, o Rei Fundador e Conquistador. O que, com reconhecida tenacidade, argúcia, valentia, heroicidade e muito sentido pátrio, foi conquistando terras aos nossos vizinhos e a outros, para traçar as linhas geográficas do que começaríamos a ser, como Portugal.
Terá nascido em Guimarães ou em Coimbra. Os historiadores dividem-se quanto ao seu berço natal, assim como data e ano. Ficamo-nos por ter acontecido a 25 de Julho de 1109. Hoje, sem um sinal, sem uma evocação e sem uma cerimónia…as nossas Instituições e os nossos Órgãos de Poder remetessem aos silêncios. Nem o Chefe de Estado teve uma palavra, o que pode significar que navegamos sem bússola e com medos que surjam farpas de quem não tem orgulho pátrio e se entretêm a exercitar o “bota baixismo” do nosso trajecto nacional.
Egas Moniz educou Afonso Henriques, na justeza das acções, no respeito, na palavra de honra, no carácter e na valentia.
Afonso Henriques talhou-se a si próprio, rodeado de personalidades que o foram preparando para a vida e para a sua obra de Rei e de mentor do Reino.
A dada altura quis estabelecer-se nas margens do Rio Mondego com a mudança da Corte – 1131 – de Guimarães para Coimbra, tendo feito desta última Cidade, a Capital de Portugal. Sabia o que estava a realizar, porque ali fundou o Mosteiro de Santa Cruz, instituição de grande reconhecimento cultural, onde, aliás, veio a recrutar figuras de grande craveira intelectual e de pensamento, de que se veio a aproveitar para dar força à Governação do seu Reinado. S. Teotónio foi o 1.o Prior de Santa Cruz e uma das suas mais ilustres personagens.
Não esquecer que no tempo de A. Henriques a Ordem Templária ganhou nova dinâmica e impulso, constituindo, por assim dizer, uma guarda avançada da evangelização, á época, do cristianismo.
O nosso Rei Conquistador e Fundador faleceu a 6 de Dezembro de 1185, em Coimbra, na sua residência, com 76 anos. Jaz, num dos túmulos que ladeiam o altar-mor desse Mosteiro dos antigos Frades Crúzios ou Cónegos Regantes de S. Cruz (no outro lado está seu filho D. Sancho I).
Portugal, os seus principais governantes e forças do actual regime, esquecem-no…sem uma palavra e sem uma sessão que nos faça exaltar, recordar, nomear os seus feitos históricos, dar exemplo da sua postura humana e de Rei, bem como de o glorificar como artífice do que hoje somos, como Nação e Povo.
Que a imagem de Afonso Henriques tenha projecção nas nossas Forças Armadas, porquanto ele emerge como um dos mais nobres e conceituados guerreiros, um dos melhores estrategas da guerra e um dos Reis que soube, com coragem e diplomacia, conquistar terras que pisamos hoje que são o espaço de Portugal e que nos traçam o ADN de portugueses.
Bem-Hajas Afonso Henriques pelas tuas virtudes, pela tua perseverança de lutador e pelas tuas qualidades de Rei. Soubeste rodear-te de gente capaz de dar caminho e futuro a Portugal. Temos orgulho nisso. Da nossa parte, a deste modesto Órgão de Comunicação Social, esta é a nossa singela homenagem na data do teu Nascimento, quando se completam 913 anos sobre esse acontecimento.
António Barreiros, Chefe de Redacção
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