“São muitos os votos de boas festas por estes dias. E ainda bem! É bom recordar e felicitar os nossos amigos e familiares ou mesmo os colegas de trabalho.
O tempo, apesar de frio, é de festa, é de alegria, de convívio familiar. É Natal.
É um tempo que não conseguimos explicar. Ora gostamos, ora detestamos. Há quem adore as decorações de Natal, as compras para a noite de consoada, a azáfama das prendas… E há quem deteste tudo isto e até condene este oportunismo consumista e desgastante de uma falsa solidariedade.
O mundo que vivemos é complexo e vive dos seus contrários. Às vezes apregoa a importância e a necessidade de cuidarmos dos outros, dos mais frágeis e necessitados… (Recordemos como em tempo pandémico exercemos um cuidado maior por todos.) Outras vezes vive numa apatia e indiferença tal que incomoda… (não podemos esquecer como crescem nos hospitais o número de idosos e doentes que têm alta, mas as famílias não os levam para casa…).
E Natal é sinal de fraternidade. Na verdade, o Natal introduz-nos no mistério, não só divino, mas também humano. Não podemos pensar o Natal sem estas duas realidades. Uma e outra estão profundamente ligadas. Mas sublinho, sobretudo, que o divino conduz sempre para uma maior humanidade ou humanismo entre todos. Ou seja, o divino em nós faz prosperar o sentido do outro para nós, faz despertar o dom da fraternidade entre nós. Por isso, o Natal é um mistério que nos ajuda a centrar no essencial da vida: somos família, somos irmãos, somos expressão do sonho de Deus.
Com efeito, se não houver uma disponibilidade para a fraternidade, ela não acontece. Se não houver uma cultura da fraternidade, ela é apenas uma ideia interessante.
Superemos a ideia de um Natal comercial e consumista e arrisquemos um Natal da fraternidade.
Convido-vos a olhar par ao presépio. Foi inventado por São Francisco de Assis para ajudar os habitantes de Greccio a compreender o significado do mistério da encarnação de Cristo. Hoje precisamos voltar a olhar o presépio para redescobrirmos o verdadeiro significado do Natal. No presépio estamos todos nós. Nele nasce ainda hoje o sonho de Deus de um mundo verdadeiramente de irmãos. O presépio é o sinal admirável, como diz o Papa Francisco. Ele é um sinal da nossa fecundidade na fraternidade.
Faço votos de um Natal assim fecundo. Só assim será feliz“.
Pe. Francisco Carreira
Arcipreste de Vila Nova de Famalicão
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