“Atualmente, fruto da rápida evolução das tecnologias de informação nas últimas décadas deparamo-nos com um novo conjunto de desafios que exigem ao ser humano uma séria adaptação. Se considerarmos que o Internet Explorer nasceu em 1995 e que tem apenas 26 anos, percebemos que o ecossistema digital cresceu de uma forma exponencial e enraizou-se nas nossas vidas. A distância de um clique e o conceito de Mundo Global tal como o conhecemos hoje deve muito ao digital.
No entanto e como seria previsível, o sistema político e económico não foi capaz de acompanhar e regulamentar tamanha e tão rápida evolução e hoje começamos a identificar problemas estruturais que impactam diretamente a vida das pessoas. Entre eles, estão por exemplo a violação da proteção de dados, o cibercrime, as notícias falsas e a instabilidade das criptomoedas. Hoje, gostaria de vos falar sobre a dicotomia entre a Liberdade de Expressão e a Desinformação no mundo digital.
O digital promoveu a democratização da liberdade de expressão e permitiu que qualquer cidadão possua um canal exclusivo e privilegiado para comunicar pública e livremente, o que constitui um avanço inegável e contribui para uma opinião pública com mais matéria crítica e por isso, mais pluralista. No entanto, e apesar de as realidades alternativas já serem comuns na Grécia Antiga, o digital possibilitou também a partilha de notícias falsas que se tornam mentiras em massa e resultam na desinformação do cidadão. Desta forma, urge prevenir e evitar a partilha de todas as informações falsas que pretendem dividir e disseminar o caos na sociedade, sem nunca colocar em causa a total liberdade de expressão para todos os cidadãos.
A solução, a médio prazo, terá que provir da própria tecnologia e provavelmente de mecanismos de inteligência artificial (IA) que façam essa verificação em grande escala. Até lá, o mote que deixo a todos que me lêem, é o de verificar sempre. Neste ponto existem várias técnicas que podem aplicar, tais como evitar a leitura exclusiva de títulos de publicações ou notícias, cruzar informação proveniente de múltiplos meios de comunicação nacionais e internacionais, verificar qual a origem da informação e se a mesma é clara e fidedigna e, sempre que necessário, efectuar uma pesquisa autónoma e independente sobre o tema em questão com o objectivo de obter o fundamento científico e/ou o contexto histórico.
Hoje, temos à nossa disposição mais tecnologia e melhor ciência, por isso, com toda essa informação saibamos defender as nossas causas com argumentos sólidos e nunca esquecendo os valores fundamentais. Lembrem-se que o planeta Terra é enorme e a informação é vasta, mas a verdade é só uma.”
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