Casa das Artes deixa pistas para o que vai acontecer em outubro.
Numa edição adaptada às condicionantes que vivemos, para salvaguardar a segurança dos espectadores, mas sem abdicar da importância da relação do público com a sala de cinema, deixamos algumas pistas para o quinto episódio do CLOSE-UP – Observatório de Cinema, que decorrerá em vários espaços do Teatro Municipal, de 10 a 17 de outubro.
Com um mote orientado para a relação do Cinema com a Cidade, serão mais de 30 sessões, no habitual encontro entre produção contemporânea e história do Cinema, que destacará o período mexicano de Luis Buñuel. Também com uma forte presença da produção portuguesa e dos seus realizadores, a secção Fantasia Lusitana dedicará um foco a Pedro Filipe Marques, que incluirá uma carta branca ao cineasta.
Na continuação da relação profícua estabelecida com a comunidade escolar, as várias sessões e atividades completares a realizar também nas escolas, constituirá uma das facetas nucleares do programa, assim como as sessões comentadas, com a presença de programadores, académicos, críticos, artistas e realizadores, que contribuirão para singularizar as sessões.
Um dos destaques do programa são os filmes-concerto, um cruzamento de linguagens, nas sessões de abertura e encerramento do CLOSE-UP. A abertura ficará entregue ao rock corpulento dos Black Bombaim e à eletrónica de Luís Fernandes, na apresentação de uma banda sonora original e em estreia para A Idade de Ouro, o manifesto surrealista de Buñuel (mais informações abaixo).
A programação será anunciada nos primeiros dias de setembro no site do Close Up e no site da Casa das Artes.
BLACK BOMBAIM + LUÍS FERNANDES – filme-concerto – A IDADE DE OURO de Luis Buñuel – 10 de Outubro – ESTREIA
Coletivo nascido do efervescente movimento de novas bandas saída de Barcelos nos finais de 90, os Black Bombaim são hoje um claro caso de sucesso e de culto. Donos daquele que é, provavelmente, o mais fascinante psych rock com fonte nacional, editaram sete discos ao longo da sua carreira, à qual juntam uma mão cheia de colaborações na composição de música e espetáculos que cruzam a cruzam com outras áreas artísticas. A destacar, o disco editado com o referencial Peter Brotzman, o trabalho com La La La Ressonance, o cine-concerto (agora também editado em disco) com a colaboração do percussionista João Pais Filipe e o trabalho colaborativo com Jonathan Saldanha, Pedro Augusto e Luís Fernandes.
Músico, artista sonoro e programador cultural, Luís Fernandes é fundador da banda peixe:avião e tem mantido trabalho a solo e como colaborador de múltiplos projetos. Nos últimos anos, assinala-se o seu duo com a pianista Joana Gama, com o qual editou 4 discos, colaborou com Ricardo Jacinto, José Alberto Gomes, Drumming GP, Orquestra Metropolitana e a Orquestra de Guimarães. Compõe música para cinema e instalações, com apresentações nos Festivais de Cannes, Locarno ou Triennale di Milano.
Desde 2014, foram três os encontros entre Luís Fernandes e os Black Bombaim. O que começou com uma colaboração num dos temas de Far Out, terceiro disco do coletivo de Barcelos, evoluiu para a construção e gravação do disco conjunto que dividiram com La la La Ressonance e para o álbum colaborativo editado via Lovers & Lollypops em 2019, ao lado de dois outros produtores nortenhos. Ao quarto encontro, a banda e o músico darão uma nova vida a L’Age d’Or, filme do mestre espanhol Luis Buñuel, num cine-concerto a ser apresentado em estreia na Casa das Artes de Famalicão.
A IDADE DE OURO
Título original: L’ âge d’ Or (França, ficção, 1930, 65 min)
Classificação: M/12
Buñuel e Dali provocaram uma revolução com o seu ensaio surrealista “O Cão Andaluz”, um dos filmes vanguardistas mais famosos de sempre. A Idade de Ouro, primeira obra de Buñuel a solo, é o seu filme mais provocante e um verdadeiro manifesto do surrealismo no cinema. Violentamente anti-clerical, aqui se encontram todas as obsessões do futuro cinema de Buñuel. Após violentas reações aquando da sua estreia em 1930 o filme foi proibido, só voltando às salas de cinema mais de meio século depois. Na sessão de abertura do quinto episódio do Close-up, o cruzamento do rock dos Black Bombaim e da eletrónica de Luís Fernandes, apresenta-se em estreia o filme-concerto do incontornável filme de Luis Buñuel.
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