Se os arquitectos do SNS cá viessem se quedariam estupefactos e horrorizados com as últimas peripécias. É disso que se trata. António Arnaut foi o pai do SNS, que pediu colaboração a Mário Mendes, a mãe, para costurar esse projecto. Principalmente o primeiro, deu umas alfinetadas no rumo que estava a ser seguido no SNS, antes de falecer. Percebeu o sintoma Arnaut, um homem de convicções sociais; afoito nas decisões; defensor de causas humanas e voluntarioso dos seus projectos, como o conheci, não deixou de atirar umas farpas, com palavras azedas, aos governantes por maltratarem o que decidiu pôr em prática, a favor da saúde dos portugueses. O SNS já se espatifou nos corredores da política, de alguns políticos, dos interesses e na esfera de encapotados favores. A sua reforma, a tempo, em face das novas realidades tecnológicas; da ciência, das profissões, a de médico e a de enfermeiro; e do aparecimento de modernas doenças/pandemias, tarda. O Estado demora a transformar. Os seus discípulos, os governantes e os seus colaboradores estão acomodados. O número de médicos é insuficiente; a falta de carreiras é um dado adquirido, nos últimos anos. Os vencimentos não são apelativos., desmotivando. Não acredito nem numa palavra da Ministra da Tutela. O SNS, no dizer de médicos amigos que sabem da poda, dentro de 5 anos, precisa de cuidados intensivos para tentar sobreviver. Até final dos dois próximos anos uma leva numerosa de médicos vai para a reforma. E mais: os novos médicos já não se contentam, como os mais velhos, os cotas, com palmadinhas nas costas de agradecimentos. Querem ordenados compatíveis e reconhecimento na carreira. Não vão em paleios. A política ou se recria ou apodrece.
Os governantes que atentem ao estado miserável do SNS, autenticamente moribundo. A Saúde está sem saúde – nenhuma – porque a política dos políticos a estrangularam e não lhe acudiram a tempo. Não é com paliativos que a coisa lá vai. Nestes últimos 8 anos…andaram-nos a enganar, agora vai ser bonito. Já se tem, como revelou a Directora-Geral da Saúde, secundada pelo nosso Chefe de Estado, de marcar data e hora para se estar doente? Ao que nos fizeram chegar, Santo Deus… E com a Saúde – sempre me disseram – não se brinca. O certo é que os responsáveis o têm feito, para mal da nossa Saúde. Se o António Arnaut cá viesse entornava-lhes o caldo com palavras. Era homem de génio, de palavra e de carácter, o que vai rareando. Sem saúde como pode um País vingar?
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