Decidi aproveitar o 1 de Maio. Dediquei-o a mim próprio, a este trabalhador da comunicação social que tem mourejado, faz 50 anos, nesse passado e presente que me tem consolado…
Comemorei a data de forma diferente. Fui passear. Desanuviar o espírito e descansar o corpo. Escolhi as Beiras, o Centro e os arredores, mais propriamente, as faldas, para Este, da Serra da Estrêla. Comecei por Viseu, revisitando a Sé, o Museu Grão Vasco, as ruas estreitas, o Rossio, a cava de Viriato e mastigando, para saborear, uma das mais insignes gastronomias da Nação portuguesa, tendo seleccionado o velho restaurante Cortiço.
Mas barafustei alto contra a Câmara de Viseu. Que raio de maneira de afugentar os turistas. Não há sitio em que não se pague, mesmo a um sábado, o estacionamento…a autarquia dessa terra aproveita para extorquir uns quantos cêntimos aos que visitam a Cidade. Mas em quase todas é assim, com excepções, como Oliveira do Bairro, onde resido. Não fiquei fã… não voltarei, para já. Não é forma de atrair turistas e de promover Viseu. Ó Sr, Presidente valh´o Deus…Ainda passei por Mangualde, terras de Azurara, acabando por voltar ao Santuário de Na. Sra. do Castelo, com vista soberba. Dei uma saltada ao Patronato, mais novo e moderno…mas com os pastéis de feijão que deliciam quem os come, como eu…
Rumei, no segundo dia, a um circuito que guardava na memória da minha infância e da adolescência: Seia e Gouveia, terras de apetecido queijo da Serra, curado com cardo, ainda, na maioria das vezes. Seia continua igual a ela própria, mas já mais desenvolvida. Gouveia impressionou-me pela limpeza e protecção dos seus espaços, de que retive os Paços do Concelho. Mais um salto à frente e pisei Folgosinho, uma terra de granitos com construções rústicas e robustas. A sua fortificação medieval é um Castelo. Aí está, hoje, uma estrutura amuralhada assente numa formação de quartzo lhe dá solidez. Daí se avista uma paisagem, para sul, que nos dá os contornos de uma parte da Serra da Estrêla e, para oeste, as montanhas do Caramulo e do Buçaco, além dos prados da região, onde os rebanhos pastam, as videiras dão o melhor que as suas castas produzem e as oliveiras dão gosto aos azeites. Fiquei em Paranhos da Beira, uma Vila que pontifica, entre Nelas e Seia. Gente boa, lugar de paraísos.
Pior, o desse País real-província, como por lá me disseram os amigos e hospedeiros Henrique e a Luíza, só o facto de o Hospital de Seia não dispôr de meios de diagnóstico, o que obriga os doentes a serem orientados para os Hospitais de Viseu ou de Coimbra. O interior está desprezado. Os políticos, os do Terreiro do Paço, contribuem, para isso. Não há políticas para as Beiras Alta e Baixa… e para outras zonas. Está tudo a despovoar-se. Quem por lá reside, continua a soar as estopinhas na agricultura, na pecuária e pouco mais… e é gente com mais de cinquentas. Os novos, depois das escolaridades, abalam para as Cidades grandes ou para a estranja, à procura de vidas. Pensava eu que isso tinha sido no tempo do Estado Novo…
António Barreiros – Jornalista
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