Há algumas semanas que a maior notícia, a nível mundial, é a possível invasão russa ao território ucraniano. Essa possibilidade tornou-se realidade. Por meio aéreo e terrestre, as forças militares russas atacaram diversos pontos estratégicos em várias cidades, por todo o território da Ucrânia.
Apesar de não vir como uma surpresa, estas operações militares terão um impacto imensurável na geopolítica mundial.

As reações dos líderes dos países do mundo ocidental foram esperadas e inesperadas simultaneamente, por um lado, a condenação da invasão não é surpreendente, considerando, tal como Marcelo Rebelo de Sousa referiu, a “flagrante violação do direito internacional”, por outro lado, uma resposta uniforme de todos os países do mundo ocidental é algo inesperado, independentemente de qual fosse a questão.
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson admitiu intervir de forma militar no conflito entre a Ucrânia e a Rússia, vincando que a invasão russa “deve acabar em fracasso” e que o Reino Unido “não vai olhar para o lado”, afirmando ainda que “Nós – e o mundo – não podemos permitir que essa liberdade seja simplesmente extinta. Não podemos e não vamos simplesmente olhar para o lado”.
Emmanuel Macron, presidente francês, garantiu que “As sanções contra a Rússia vão estar à altura da agressão que o país levou a cabo” e que “A França está ao lado da Ucrânia […]. Ao escolher esta guerra, Vladimir Putin decidiu ameaçar da forma mais grave possível a paz que dura na Europa há décadas“. Compromete-se, ainda, a apoiar a Ucrânia “sem hesitar” e que “vai proteger a soberania e a segurança de todos os parceiros europeus”.
Joe Biden, o Presidente dos Estados Unidos, denunciou “o ataque injustificado” da Rússia contra a Ucrânia e insistiu que “A Rússia, e apenas ela, é responsável pela morte e pela destruição que este ataque vai provocar”. Sublinhou, também, que “o mundo vai exigir contas” a Moscovo.
Apesar da unidade no ocidente, o mesmo não está a acontecer pelo mundo inteiro. E a divisão de opiniões poderá levar a uma divisão internacional.
A juntar-se às condenações do mundo ocidental, Recep Tayyip Erdoğan, presidente da Turquia, declarou a Putin, durante um telefonema, que “A Turquia não reconhecerá qualquer medida que afete a soberania e a integridade territorial da Ucrânia”. Apesar dessa afirmação, Erdoğan, ainda não respondeu ao pedido ucraniano para encerrar o espaço aéreo e marítimo aos russos.
O ministro iraniano dos Negócios Estrangeiros, Hossein Amir Abdollahian, escreveu no Twitter que “A crise na Ucrânia tem as suas raízes nas provocações da OTAN” mas que “Nós não acreditamos que recorrer à guerra é a solução. É imperativo estabelecer um cessar-fogo e encontrar uma solução política e democrática.” Em janeiro, o presidente do Irão, Ebrahim Raisi, numa reunião com Vladimir Putin em relação ao Acordo Nuclear do Irão, disse “Nós no Irão não temos limites na expansão de relações com a Rússia”, acrescentando que Teerão queria desenvolver relações com Moscovo que “não fossem temporárias, mas permanentes e estratégicas”.
A China, por sua vez, apela à paz, ao afirmar: “Ainda esperamos que as partes envolvidas não fechem a porta para a paz e se envolvam no diálogo e consulta, e impeçam que a situação se agrave ainda mais“, no entanto, não se referiu diretamente aos movimentos militares, nem descreveu as ações russas como uma invasão. Li Xin, diretor do Instituto de Estudos Europeus e Asiáticos da Universidade de Ciência Política e Direito de Xangai, referiu que “Por um lado, respeitamos a integridade do território e a soberania da Ucrânia, mas, por outro lado, devemos considerar o processo histórico da situação, em que a Rússia foi encurralada e forçada a contra-atacar“.
O enviado da Ucrânia Igor Polikha procurou a intervenção da India, referindo que “A India é um jogador muito influente na escala global … Nós precisamos de uma voz forte da India”. O Primeiro-ministro Narendra Modi vai hoje falar com o Presidente Putin. A posição da India pode ser fundamental na globalização do conflito na Ucrânia.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, realizou também, hoje, uma reunião com o primeiro-ministro do Paquistão, Imran Khan. Segundo o Kremlin, os líderes encontraram-se para trocar “pontos de vista sobre questões regionais atuais, incluindo a situação no sul da Ásia”. O governo russo não mencionou se o conflito com a Ucrânia foi discutido durante a conversa.
Após um longo período de silêncio, o governo de Jair Bolsonaro, finalmente comentou os movimentos militares russos, dizendo que “O Governo brasileiro acompanha com grave preocupação a deflagração de operações militares pela Federação da Rússia contra alvos no território da Ucrânia. O Brasil apela à suspensão imediata das hostilidades e ao início de negociações conducentes a uma solução diplomática para a questão, com base nos Acordos de Minsk e que leve em conta os legítimos interesses de segurança de todas as partes envolvidas e a proteção da população civil. Como membro do Conselho de Segurança das Nações Unidas, o Brasil permanece engajado nas discussões multilaterais com vistas a uma solução pacífica…”
Apesar desta mensagem, o governo brasileiro não escolheu, de forma clara, um lado. De relembrar que há uma semana Bolsonaro visitou o Kremlin e gerou duras críticas internacionais. Encurralado e disposto a mostrar que o seu governo não iria ceder às pressões do presidente norte-americano Joe Biden, Bolsonaro realizou a visita. No entanto, foi imensamente criticado quando anunciou “solidariedade” aos russos.
Alexander Lukashenko, presidente bielorusso, por sua vez, propôs ajuda militar à Federação Russa, se for necessário.

























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