O fado voltou a invadir o Café Concerto da Casa das Artes de Vila Nova de Famalicão, esta quinta-feira à noite. Foi o segundo espetáculo no âmbito da iniciativa “Fado no Café da Casa” que surgiu da parceria com a ACAFADO – Associação Cultural & Artística Famalicão Fado.
O primeiro espetáculo trouxe a este espaço cultural as artistas Matilde Cardona e Luísa Vilas Boas. Desta vez, subiram ao placo, do “Café da Casa”, Lurdes Silva e Francisco Moreira, acompanhados por João Martins, na Guitarra Portuguesa, João Araújo, na Viola de Fado, e Filipe Fernandes, na Viola baixo.
O objetivo, como sempre, é enaltecer o Fado. Com casa cheia, limitada ao espaço possível devido às restrições ainda em vigor, Lurdes Silva foi a primeira a subir ao palco. A fadista diz sentir o fado desde criança e é nele que se sente bem.
“O fado faz parte de mim e onde houver fado eu estou e estarei porque gosto, e porque é onde estou bem e me sinto feliz”, assinalou.
Foi também fácil de perceber que os famalicenses gostam de ouvir e sentir fado: “Senti-me muito bem, é sempre agradável ter este reconhecimento. Já é o segundo mês que decorre a participação da ACAFADO aqui na Casa das Artes, mas correu muito bem. Acho que foi bonito”.
Para a fadista, “a valorização dos artistas e a participação das pessoas também mostra isso, que realmente há fado em Famalicão e que estão interessados em ouvir”.
Francisco Moreira, natural de Vila do Conde, voltou a Vila Nova de Famalicão, onde diz que se sente em casa. Animou a plateia e envolveu todos os presentes na sua atuação.
“Senti-me muito bem, principalmente por termos a casa cheia. Fica sempre um ambiente diferente, principalmente para o fado. Acho que é preciso estar criado um ambiente e normalmente isso sente-se logo quando se entre na sala, e eu quando entrei senti e a partir daí é fazer o melhor que se sabe e desfrutar”, afirmou.
Para o fadista, o ambiente na Casa das Artes é diferente do tradicional, mas assegurou que em ambos se sente a mística do fado: “É claro que o ambiente das casas de fado é diferente, mas quando nós vimos para o palco tentamos trazê-lo para as salas de espetáculo”.
O trabalho da recente associação famalicense dedicada ao fado só merece elogios por parte de Francisco Moreira. Como referiu, “é preciso criar e ensinar as origens às pessoas, para depois se poder explodir para onde se quiser. Fico mesmo muito feliz e desejo muito sucesso à ACAFADO”.
Este novo projeto, que felicitou por ter sido criado por “pessoas do fado e que conhecem o fado”, é uma porta que se abre e que incentiva à criação de outros projetos. “É claro que o primeiro a beneficiar é sempre Famalicão, os artistas e as pessoas. Esta associação vai fazer com que haja mais pessoas a cantar e a tocar, e a gostar do fado. Naturalmente todas as pessoas à volta, sabendo que estas coisas existem, estas iniciativas vão-se multiplicando e isso só vai fazer com que o nosso fado se desenvolva”, declarou com satisfação.
Ao longo deste ano, todos os meses, vão decorrer estas noites de fado na Casa das Artes. Agendados estão dez concertos, para este ano, em que já se realizaram dois concertos. O objetivo é dar continuidade ao projeto, como salientou Manuel Sanches, membro da direção da ACAFADO.
“Todos os meses teremos aqui vozes diferentes. Uma pessoa com maior calibre nomeadamente com gravações comerciais, como foi o caso do Francisco Moreira, que tem já três gravações, e outra pessoa. Para além disso temos os instrumentistas, em que temos a guitarra e a viola”, explicou o dirigente.
Apesar do espaço ser limitado, a expectativa para o futuro, assim que as restrições forem retiradas, é que o evento ganhe uma dimensão maior e que mais pessoas possam assistir aos concertos. “Recriar uma casa de fados” é outro dos objetivos desta iniciativa.
Manuel Sanches relembrou também que para os interessados em cantar fado, a associação criou a Oficina da ACAFADO, na Lagoa, todos os sábados. São tarde abertas ao fado, para quem gosta de cantar ou tocar. “Temos sempre instrumentistas prontos para acompanhar, mas se souberem tocar também podem integrar o elenco”, acrescentou.
A dar frutos no presente, mas já com os olhos no futuro, as iniciativas não param. Manuel Sanches apontou o jantar do Dia dos Namorados na próxima segunda-feira, 14 de fevereiro, um evento que já está esgotado. Revelou também uma parceria feita com a Associação de Fado da Madeira, para realizar um “intercâmbio de fado”.
“Acima de tudo é o fado em destaque”, concluiu.
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