Ainda se lembram do “Dono disto tudo”? O caso BES, já faz uns 11 anos, tornou-se não só a maior notícia que explodiu mundo fora mas, também, fez estremecer e abriu um enorme buraco na economia e nas finanças portuguesas e lá fora, nalguns bancos ou instituições de dinheiros a que estava ligado, como na Suíça, em Espanha, no Brasil, em Angola e por aí fora…
Já nos esquecemos do rombo que o BES provocou na sociedade portuguesa, assim como no bolso de milhões de aforristas que acreditaram nesse Banco? O Sr. Ricardo Salgado, como devem estar recordados – e bem – era apelidado de “o Dono disto tudo…”.
Deixem-me relembrar que ele, Ricardo Salgado, da família de Ricardo Espírito Santo, do BESCL (Banco Espírito Santo e Comercial de Lisboa), a coberto de uma classe política dada a negociatas, conseguiu levá-los ou cativá-los sem o beliscarem, a devido tempo.
Mas Ricardo Salgado, para nossa infelicidade, num Estado que, apesar de ser rotulado de Direito e Democrático não o é, manipulava tudo e todos, a seu belo prazer e ganância. Só de imaginar que os Departamentos do nosso Estado – todos sem excepção – continuam a não responder, no prazo estabelecido pelo Direito Administrativo, ao arrepio das leis, às nossas reclamações e denúncias, fico possesso. Quando respondem, empregam a chamada “chapa 10”: vamos analisar, estamos a apurar os factos e a averiguar as circunstâncias…e, a partir daí, o caso fica na gaveta. E, quando falhamos com pagamentos, o Estado ameaça-nos com penhoras…sem nos ouvir e sem passar cartucho às alegações que lhe endereçámos. Se fôr o contrário, isto é, o Estado que nos deve…ficamos a aguardar meses e meses, mas sem direito a juros e indemnizações.
Voltamos ao que aqui nos trouxe: o caso BES. Os portugueses têm noção quanto nos custou essa queda de um dos mais emblemáticos nomes da banca portuguesa e internacional? Um número estapafúrdico: 12 mil milhões de euros. Próximo, veja só, do Orçamento, em 2022, para a Saúde que levou 14 mil milhões. Mas não ficam por aqui os valores com a falência do BES. Juntamos-lhe mais ingredientes explosivos para um País que não deveria nem pode esbanjar. Catorze mil credores, a quem o BES ficou a dever dinheiro, como aforradores ou investidores, tentam, em vão, recuperar 7,6 milhões de euros. E sabem quanto já levaram os advogados e seus escritórios, portugueses e de outros Países, em todo este processo? Mais de 10 milhões de euros. E, apesar de tudo isto, a justiça, tão ágil a lixar os pobres e os fracos, não conseguiu, até hoje, retirar a Salgado, património de milhões, em Portugal, bem como, em colaboração com as Autoridades de Hong Kong e da América do Sul, onde tem biliões, trazer esses cofres de dinheiros para ressarcir quem ficou prejudicado, incluindo todos nós, o Estado.
Conclusão: a plutocracia portuguesa, muito presente, com especial referência no BES, de má memória, está viva e recomenda-se. O Dono disto tudo…continua a mandar. Mas há mais, encapotados. Originalidades da política, à portuguesa, como o cozido e a feijoada à portuguesa, nossa…
Comentários sobre o post