Um País que continua a viver do dinheiro da Europa e que não produz o suficiente tem os dias contados e empobrecerá alegremente…É o que nos tem vindo a acontecer.
Este meu Editorial, por força dessa realidade que nos vai batendo à porta, vai recordar Henrique Medina Carreira, homem sem papas na língua, directo e frontal. A verdade irrita, machuca e cria urticária a quem anda, por aí, a mentir com os dentes todos.
Esse advogado dizia e bem qualquer coisa como isto: os partidos fecham-se porque não querem lá gente de qualidade, que pense… E mais dizia: os programas eleitorais são extensos, feitos para ninguém ler, para fazerem de nós idiotas.
Lúcido e homem de convicções, Medina Carreira deixou muitas frases-pensamento para nos obrigar a reflectir. Sobre a justiça afirmava que, em Portugal, o Poder não a quer ver a funcionar, porque isso lhe trás dissabores.
Nunca deixou de ter medo de divulgar as suas ideias e de as defender. Cada vez mais as suas convicções estão a mostrar-nos que estava certo.
Percebendo de números e de economia – foi Ministro das Finanças – era peremptório: “se não mudarmos a economia resvalaremos para uma pobreza extrema”.
Demolidor quanto ao padrão-programa da nossa Escola portuguesa, essa peculiar e sapiente personalidade deixou baterias apontadas ao sistema de Ensino (cito): “só valorizando a cabeça se acabará com a pobreza”. E acrescentava (cito, de novo): “as escolas, hoje, são um lugar de analfabetos…”. Concluindo: o nosso problema é de regime. Um regime assistencialista em que a maior parte vive à custa do estado, ou seja, dos que trabalham e descontam. O Governo agradece à boca das urnas, porque uma parte, os mais velhos, os reformados, assim como os dependentes de subsídios, estão-lhe gratos pelos aumentos operados.
Continuamos a resvalar para o abismo. Quanto mais tarde, melhor. A política e os políticos adormecem-nos, até que um dia vamos acordar, mas já tarde e a más horas.
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