Hoje, Portugal celebra a data da Revolução que lhe concedeu, a liberdade de pensamento, de andamento e de escolha, em regime democrático. Já passou meio século. Eu era um jovem. Lembro-me tão bem. O golpe militar permitiu ao País e aos portugueses parelhar, com as Nações mais desenvolvidas, um melhor e mais fino figurino, principalmente, no domínio político, partidário, civil e social.
O Estado Novo teve, como tudo na vida, o seu período. Alongou-se. Mas devemos contextualizar o tempo, com as razões que o determinaram e o modo do trajecto. A base dos antecedentes, que projectaram, a partir de 1927, a figura de Salazar, não são despiciendas. Basta desfolhar a história. O Homem, Salazar, marcou uma fase da nossa História, para o bem e para o mal, do que esse período contêm. A substituição de Salazar por Caetano poderia ter sido a nesga para a mudança.
O livro “Rumo ao Futuro”, do General António Spínola constituiu o rasganço do espartilho, conduzindo-nos ao golpe de Abril, o de 25 de 1974. Já faz dois quartéis de século que o regime se transformou. Deixou esperanças. Umas cheias e outras nem por isso…
A passagem desta efeméride é um convite para se fazer um balanço com lucidez e serenidade. Com moderadas palavras que possam propôr preparar-se o futuro, sem esquecermos o presente. Esta viagem democrática, porque não há trajectos pessoais ou colectivos, que não contenham erros, precalços, dificuldades, abusos, desvios, incorrecções, mentiras e penumbras, tem de passar a ser melhor talhada, mais planificada e, também, deixar de conter quem se queira aproveitar, deixando de lado a missão de servir, servindo-se…
Temo-nos estafado, por vezes, em querelas partidárias. O País tem sido triturado por negociatas e por corrupções que abalam a credibilidade de Portugal e dos seus políticos. Que acabam por trair os nossos, os sonhos mil…
Portugal, neste último meio século de plantação da democracia, esqueceu-se de se reorganizar, a cada esquina de desafios; abandonou reformas imprescindíveis; e não conseguiu Refundar-se, em quase todos os vectores da Vida Nacional, com especial foco para a estrutura de Ensino, da Justiça, da Segurança, da Habitação, da Saúde e das Forças Armadas.
Tanta coisa esquecida para oferecer mais dignidade a cada português. Tanto despesismo por banda da máquina do Estado. Tanta falta de escrutínio a governantes, a políticos, a agentes do Estado…aos que nos deveriam servir.
Chegados aqui, a este tempo, depois dos 50 Anos sobre a Revolução, Portugal é chamado, com o esforço dos seus principais protagonistas e, também, dos portugueses, a rever-se, a realinhar-se e a reinventar-se. Chegados a este tempo o convite é para uma reflexão sobre a Nação.
Não nos podemos esquecer que liberdade sem pão nos conduz à escravatura. E que, sem pão, se geram vícios que creditam pobreza, vagabundice, ladroeira, práticas arruaceiras, a libertinagem, a insegurança pública, a impura cidadania e a crueza da nossa forma de viver. Não queremos importar figurinos que dão conta de más maneiras de vida…, onde se mata por dez réis de mal coado… Queremos continuar a ter alma lusa e garra tuga.
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