Desde 1961 até hoje, nós combatentes, aguardamos justiça como outros países fizeram, por motivos iguais ou semelhantes. Não houve um governo de “Direita” ou “Esquerda” que tomasse no tempo, uma atitude digna de proteger aqueles homens que ajudaram a servir a Pátria. Vemos, ouvimos e sentimos na carne o flagelo da indiferença, do ódio, do silêncio, da intriga, da mentira e finalmente da traição.
Foi aprovado um estatuto para apoiar os combatentes nomeadamente; Transportes urbanos, eliminar as taxas moderadoras, prémios monetários, cartão do combatente, etc. etc.
Senhor Primeiro-Ministro, recue no tempo, olhe-se ao espelho e conclua que realmente a falta de palavra é o mote da indecisão onde se encaixa o desprezo que nos mata terrivelmente. O Senhor também vai ter o dia da morte, onde certamente será afogado em lágrimas de crocodilo.
Procuro saber onde estão centenas de cartões dos combatentes ainda por emitir, causando e criando desorientação nos combatentes chamando ao poder insultos que registo mas, não divulgo com vergonha.
Nós combatentes, sentimo-nos incapazes, porque nada temos para desfrutar, no fim da vida que é visto ao fim do túnel. Exactamente ao fim do túnel, onde todos nós, passaremos com ou sem distinção!
Mentir, é algo baixo e radicalmente desprezível. Não tentem enganar, estes homens, que serviram e nunca foram servidos, sabem julgar e sabem sofrer, enquanto dois terços da nossa população, marginalizam-nos e olham para o lado.
Tenham vergonha, ponham sábios sérios a governar pelo amor à camisola e deixem-se de auferir verbas excessivas e os pobres a morrerem à fome.
Pelo que foi visto na televisão, aquando da visita do Senhor Primeiro-Ministro a Moçambique, foi duro, foi cruel, foi descabido, foi imperdoável que tivesse havido um pedido de perdão, pelos massacres cometidos pelas tropas portuguesas. Senhor Primeiro-Ministro, a nossa história sente-se incomodada pela traição. Eu matei mas, não foi por prazer, foi só e apenas para me defender. Alguém no passado pediu perdão por ter avançado com uma descolonização, sem que fossem ouvidos todos os intervenientes?
Como exemplo, fui civil para Moçambique, ofereci-me como voluntário para defender a nossa Pátria. Casei em Quelimane, tive duas filhas e tive que regressar abruptamente para evitar ser morto.
Foi uma selvajaria inqualificável, quem mandava no País?
Ninguém e todos, que dum momento para o outro, não havia respeito, havia sim ódio, covardia e um inferno arrepiante.
Disse,
Vila de Ribeirão, 19 de Setembro de 2022
José Ferreira dos Santos
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