A nossa memória é, sempre curta. Vem isto a propósito de duas figuraças que, a dada altura, encheram os noticiários, martelando-nos e azucrinando-nos a cabeça. Foram eles a guineense, de Bissau, Joacine Katar Moreira; e Mamadou Ba, do Senegal.
A primeira acabou como deputada pelo partido Livre, tendo passado, depois de vários casos, à categoria de deputada não-inscrita.
O segundo, activista político, foi membro e dirigente do Bloco de Esquerda. Um conflituoso que, num qualquer Estado de Direito e Democrático, teria sido expulso por indecente e má figura. Curioso, depois de uma análise a essas duas figuraças, que receberam a nacionalidade portuguesa, é perceber que, apesar de terem sido acolhidos por Portugal e pelos portugueses, se moveram com comportamentos despropositados. Estiveram – sempre – muito activos, aquela e esse, na cena política, nas manifestações anti-racistas, nas acções contra o centro e a direita, na expansão das suas vozes contra o colonialismo, e contra tudo e todos. Nunca lhes ouvimos o dom da serenidade, do patrocínio dos diálogos da e para a paz e, ainda, da sabedoria para a contextualização dos tempos, a fim de melhor se perceber a história, os seus protagonistas e os factos. Uns divisionistas e mal intencionados.
Mas, e em curiosidade: nunca se ouviu, nem um piu, de Joacine Katar Moreira, contra o País, a Guiné-Bissau, que lhe serviu de berço, onde a pobreza é gritante, onde os tribalismos dividem a Nação, onde os políticos são senhores e reis, onde a droga comanda e manda nos poderes. Silenciosa nunca tomou a palavra, em lugar algum, para denunciar toda a série de atropelos aos mais frágeis da sua Guiné-Bissau, aos mais espezinhados pelo PAIGC, à miséria da maioria da sua população e à pobreza que reduz a escravos os seus conterrâneos. Nunca se expôs para dizer que na Guiné-Bissau não há memória, depois da emancipação, da bandeira da dignidade humana. Joacine quis desbravar o passado para, em má fé e rancor, bater nos Portugueses e em Portugal, os que lhe deram vida, tecto, estudos, alimentação, trabalho e futuro digno.
Também, jamais ouvi o Mamadou Ba a dissertar sobre o seu Senegal, onde existem fortes abusos contra os talibés (crianças que são educadas em escolas islâmicas), onde escasseia o dinheiro para os pobres terem o pão nosso de cada dia, onde o trabalho é remunerado a níveis miseráveis e onde o corredor de Casamansa desavinda o País… Só no Senegal, como mosaico tribal, existem 80 partidos… todos querem o poleiro para tentarem desviar uns milhões que os Países Doadores e o FMI têm oferecido para tentar endireitar a Nação. Veio borrifar-nos com palavrões e com discursos vomitados com apelos ao ódio e com narrativas azedas, racistas. Ele é que é xenófobo.
Já dei para este tipo de agitadores. Já dei para esse peditório de gentinha que foi recebida, entre nós, com gentileza e hospitalidade e nos acerta com coices.
A ingratidão é a mais grave e a maior forma de agir na vida. Tenho para mim que os infelizes são ingratos, porque faz parte da sua génese pessoal e interior. E mais: a ingratidão é filha da soberba. Concluo com uma frase-força: uma pessoa de valor nunca é ingrata.
Joacine e Mamadou são o símbolo da ingratidão. Andam muito caladinhos…talvez a vida não lhes esteja a correr bem.
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