Uma historieta do mais baixo perfil político, do menor carácter (uma qualidade pessoal em extinção…) e do raquítico sentido de Estado, a que envolveu o Ministro das Infra-estruturas e a primeiro figura do Governo. Parece um clube de amigos ou um grupo de excursionistas que se juntam para, sem qualquer programa ou de objectivos comuns, se sentam na mesa para dividir o poder, o do regime.
O futuro aeroporto de Lisboa ou, enquanto não existir, a extensão que poderá, durante os próximos 15 anos ou mais, desviar o intenso tráfego do Humberto Delgado, move interesses desmedidos, especulações, grupos partidários e governamentais, divide técnicos de nomeada e, à boa maneira portuguesa, tapa todo o cortejo de más intenções que gravitam em torno da polémica do projecto para uma infra-estrutura tão relevante para a Nação… Entretanto, a Vinci, a gestora do aeroporto da capital e não só, agradece estes tumultos nas hostes do Governo. Alguns técnicos, sabedores do tema, vão deixando umas ferroadelas… A TAP agradece este ruído, o PRR e o destroçado SNS, também.
Nuno Santos, o Ministro, depois de se enlear numa situação obscura, vai de dar uma pirueta, depois de o Primeiro Ministro, já cá dentro – não quis comentar em Madrid (mas, em Londres, outro dia, falou da crise na saúde) – lhe ter puxado as orelhas, de mansinho e só para consumo político.
Nuno Santos, com o Chefe do Governo ausente na cimeira da NATO, tomou as rédeas do tema aeroporto, assumiu-se como o senhor todo-poderoso da coisa e não se conteve em palavras. Dizem que ele é assim: terrível em feitio, o mais esquerdista, o mais espalhafatoso e, também, o mais soberbo…
Uma tempestade, seguida de bonança, com gente de Estado sem saber honrar o que se pede a um governante e a um político: que, na hora da verdade e, depois da crise, assuma as suas responsabilidades e, com humildade, após o estrago e a poeira se ter dissipado, apresente a demissão. Mas não. O poder cega, o tacho é convidativo, o lugar aquece e a cadeira dá jeito para o próximo episódio na área do governo e, também, na do partido e da política. Nuno Santos tem ambições. Costa idem. Os dois, diga-se o que se vier a dizer, estão bem um para o outro. A farinha de igual marca…gosta do mesmo saco. Mas a saúde estampa-se, todos os dias; o ensino sem rumo não cria técnicos…só doutores e engenheiros; a justiça só tem mão para os fracos e pobres…esquecendo os poderosos e os ricos; as Forças Armadas estão longe do objectivo NATO; as autarquias acumulam responsabilidades com os mesmos orçamentos. Portugal lá vai, cantando e rindo, ao sabor destas novelas do arco político.
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