“O aumento das energias, impulsionado pela guerra que se move a leste, na Europa, motiva preocupação no domínio do têxtil e do vestuário, em Portugal, pela força que o sector representa.
Bem se pode dizer que os fios que se tecem, em cada fábrica, estão na corda bamba do preço das energias, com especial referência para o gás e para a eletricidade. Mas não se pode desprezar o valor do diesel e da gasolina, factores que se encaixam na factura final. Também, não se deverá apartar o custo das próprias matérias primas.
Vem isto a propósito do que, e em toda a mancha europeia, manifesta o têxtil e o vestuário no nosso País, mormente na nossa área geográfica, a que nos serve de chão e de residência. É que o Pólo de Famalicão, o que se estende ao redor do Rio Ave, num perímetro de 50 kms, concentra 80% do tecido representativo do têxtil e vestuário de Portugal, constituindo o maior núcleo do sector, em toda a Europa.
E mais: emprega cerca de 100 mil trabalhadores, fora os que o faz indirectamente, e exporta mais de 160 mil milhões de euros, facturando, por ano, qualquer coisa como 55 mil milhões de euros.
Devemos, todos os famalicenses, regozijar e envaidecer com este panorama que é sinónimo que a força braçal do nosso ambiente laboral tem garra e que, também, os nossos empresários, apesar de uma ou de outra crítica, têm sabido arriscar e são a mola investidora para que o Concelho e o seu Termo apresentem vitalidade económica, estabilidade social e sejam o alfobre financeiro de uma boa parte do que o nosso País consegue gerar.
Mas aos industriais podemos e devemos pedir um esforço para que saibam, dentro de um espírito humano-cristão e de enquadramento social no primado deste séc. XXI, repartir melhor os seus dividendos pelos que lhes permitem arrecadar receitas; assim como ao principal Órgão Autárquico, a Câmara Municipal, se reivindica a missão de, no âmbito das competências que lhe cabem, cuidar de partilhar, junto dos mais desfavorecidos e debilitados, no contexto familiar ou outro, verbas que o seu Orçamento anual inscreve.
Famalicão tem o dever de, percebendo a sua imagem de robustez industrial, consubstanciada neste panorama animador, fruto do trabalho dos homens que aqui lhe prestam serviço, se sentir e dizer feliz. É tempo dos responsáveis pela “coisa” privada e pública do Concelho se unirem e, junto do Poder Central, já no universo do novo Governo, estabelecerem um Programa adequado que possa rever os preços de todas as energias. A esses dever-se-ia acrescentar a alteração dos elevados impostos que deixam débeis os fios promissores de um sector, o têxtil e o vestuário, de elevado contributo da riqueza nacional.
A política cozinhada, em Lisboa, não pode sugar o suor e o esforço, a todos os títulos meritório, que no País Real, diariamente, os portugueses se decidem dedicar, de alma Lusa e coração do Norte, carago…”
António Barreiros, jornalista.
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