A Associação de Pais da Escola Conde São Cosme organizou, ao final da tarde de quarta-feira, dia 25, uma palestra de sensibilização sobre alergias alimentares. A iniciativa decorreu no Centro Pastoral de Santo Adrião, junto à Igreja Matriz Nova, e juntou pais, educadores e comunidade em geral para iniciar um processo de formação e de alerta sobre o tema.
A sessão foi liderada pela Dra. Fernanda Carvalho, Imunoalergologista, que apresentou os vários tipos de alergias, efeitos e cuidados de prevenção a ter em conta.
Sílvia Marques, uma das promotoras da palestra, deu o seu testemunho, como mãe de uma criança com alergias alimentares. Face à falta de formação sobre esta temática, vincou a importância de dar continuidade a este tipo de iniciativas. Revelou os constrangimentos e preocupações, enquanto mãe, e falou sobre a necessidade das escolas terem vontade de criar as condições necessárias para que as crianças com alergias sejam incluídas e não se sintam discriminadas. Mencionou também a importância de existir um grupo de apoio – uma “aldeia”, como apelidou.
Alertou ainda para o facto de neste momento, em Portugal, não existir qualquer tipo de legislação/subsídio, neste âmbito, para os pais que abdicam de trabalhar para cuidarem dos filhos a tempo inteiro: “Não existe um apoio financeiro, nem um suporte técnico. O que acontece é que os pais optam por deixar os seus trabalhos e como é uma opção pessoal não há qualquer apoio financeiro, que ajude os pais que ficam com as crianças”.
No entanto, revelou que está já a ser criado um regulamento destinado à alergia alimentar, em ambiente de escola, que será colocado em prática no próximo ano letivo.
“Este regulamento prevê criar condições para estas crianças, nomeadamente, a formação em escola, que visa prever as crises, incluir as crianças e saber socorrê-las. Neste momento está a ser elaborado um conjunto de medidas para ser colocado em prática no próximo ano letivo”, informou.
Sara Vilaça contou também a sua experiência. É mãe do Luís, uma criança de 8 anos, a quem foram descobertas várias alergias aos 5 meses, nomeadamente ao trigo, centeio, cevada, ovo, aveia, soja e frutos secos. Deixou de trabalhar para poder acompanhar o filho e ao longo de todos estes anos viu-se confrontada com a falta de formação e, como arrisca dizer, de preocupação e empatia.
Destacou a importância de que as crianças com alergias se sintam incluídas e que as próprias escolas sejam flexíveis para que todos participem nas mesmas atividades. “Eu quero que o meu filho esteja incluído. Ele tem sempre com ele luvas, se for preciso mexer em alguma coisa que não pode, e sabe que tem que pedir depois a um adulto que tire”, partilhou.
Também a Vereadora Municipal, Sofia Fernandes, marcou presença na iniciativa. “É um tema bastante importante para que todos nós tenhamos mais conhecimento. A principal lição que levamos daqui é que vivemos em comunidade, e que temos que olhar para o lado e não sermos egoístas e pensarmos só em nós”, referiu.
Reforçou ainda a importância de dar continuidade a este tipo de eventos de âmbito educativo: “As escolas estão informadas, mas tem que se informar muito mais. O comum cidadão desconhece esta área, e, portanto, é sempre um motivo para que todos estejamos atentos, e tenhamos um bocadinho mais de formação e informação para poder ajudar”.
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