Livro com registo de testemunhos e vivências, do percurso de quase 60 anos do Externato Delfim Ferreira irá ser uma realidade brevemente. Antigos alunos, professores, auxiliares e diretores serão os protagonistas desta obra.
A Vila de Riba de Ave é conhecida pela sua longa história de empreendedorismo, na figura de Narciso Ferreira e de outras figuras que o seguiram e contribuíram para que aquela freguesia tenha o estatuto que atualmente tem.
Um dos vários exemplos é o desaparecido Externato Delfim Ferreira, em que o grande mentor foi Aurélio Fernando que contou com Delfim Ferreira, no contributo com o terreno que alicerçou a formação da comunidade do Ave, não esquecendo e reconhecendo o grande contributo do Padre Benjamim Salgado, que se colocou ao lado daquele projeto.
Um sonho que se tornou realidade, promover a literacia para que todos tivessem acesso ao ensino, era o principal objetivo.
O “Colégio de Riba D’Ave”, assim denominado pela comunidade, hoje está de portas fechadas, em virtude de o governo ter terminado com os contratos de associação, na legislatura anterior. De recordar que estas escolas serviram o estado, após a Revolução de 25 de Abril de 1974, garantindo o acesso à educação de todos os portugueses.
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Bruno Marques, ex-aluno do Externato Delfim Ferreira, lançou o desafio à Junta de Freguesia de Riba D’Ave no lançamento de um livro de recolha e salvaguarda da memória histórica do Externato Delfim Ferreira, denominado “EDF O LIVRO”, que aceitou. “Com a extinção do Externato Delfim Ferreira, pelas razões que são conhecidas por todos, deixam de existir as referencias palpáveis do dia-a-dia e a história do colégio de Riba de Ave. Com esta extinção o Externato passa a existir, apenas na memória dos alunos que por ali passaram”, apontou Susana Pereira, Presidente da Junta de Freguesia de Riba de Ave. “O colégio é um pilar de Riba de Ave, é o rosto do desenvolvimento social e histórico da Vila de Riba de Ave, foi a primeira escola a ter o ensino secundário, no concelho de Vila Nova de Famalicão”, acrescentou.
Um desafio que a autarquia aceitou, para que neste registo possa perdurar a história de uma das referências para a Vila de Riba de Ave “de forma a deixar o legado Externato eternizado, documentado.” A ideia de escrever um livro surgiu “para que a memória coletiva de todos ficasse registada e pudesse ser transmitida às gerações futuras. Esta obra será feita de histórias e vivências dos alunos, professores, funcionários e diretores e de mais personalidades que assistiram à vida marcante do colégio de Riba de Ave”, adiantou a autarca.
“É a hora de devolvermos o tanto que ganhamos e enriquecemos naquela instituição”, concluiu.
A ideia de reunir as memórias do EDF surgiu em 2019, mas só em 2020 é que Bruno Marques conseguiu abertura para concretização deste projeto.
“Para além da vertente histórica o intuito é tentar recolher as sensações os sentimentos as experiências, as vivências daqueles que passaram pelo Externato Delfim Ferreira”, apontou o mentor do projeto.
Inicialmente a obra tem prevista a publicação de 1500 exemplares, mas poderá aumentar esse número, caso este não seja o suficiente, de acordo com a procura, serão publicados mais exemplares.
“Esta preservação da memória não deixa de ser também uma tónica importante duma comunidade que se quer educadora”, disse Leonel Rocha, Vereador da Cultura e Educação, na sua intervenção, elogiando e apoiando a ideia desta recolha de memórias, de uma instituição educativa que deixou referências no seu percurso pedagógico.
“Mesmo antes de existir oferta pública de ensino, já existia o Externato Delfim Ferreira, já ía formando”, reforçou o vereador.
Um legado que deve ser lembrado “como algo material, como é o livro, que faça perdurar a memória daquela que foi uma grande instituição de formação humana e académica do nosso concelho”, concluiu Leonel Rocha.
Carlos Folhadela foi professor naquela instituição, que lembrou grandes figuras, que o Externato Delfim Ferreira deve pela sua existência, referindo o Padre Benjamim Salgado e Aurélio Fernando. “Uma escola, que ao longo de 30 anos, conseguiu entusiasmar todos os seus alunos, os miúdos esperavam para passar de ano, para poderem participar em atividades, que já tinham ouvido falar, pelos colegas mais velhos, que tinha existido”. Um formato de ensino que não existiu noutras escolas do concelho “eu fui antigo aluno no liceu em Famalicão, fazendo os encontros anuais, revivemos algumas coisas, mas as camisolas do Ajax, que eram usadas no liceu de Famalicão, iguais ao equipamento da equipa Holandesa, não tem nada a ver com o verde e amarelo, que se vestia e vivia em Riba de Ave”. O professor lembrou outras atividades escolares, de grande relevância, que criavam grande dinâmica na Vila e referiu as grandes figuras que pelo EDF passaram, sublinhando que era uma “Escola com rosto”, os números existiam, mas o mais importante eram conhecer as pessoas, quer alunos, professores ou auxiliares de educação.
Os testemunhos e contributos para a edição deste livro poderão ser enviados para o e-mail – edf.olivro@gmail.com.
Após a edição o mesmo irá estar disponível em livrarias. As receitas das verbas recolhidas na venda deste livro reverterão a favor de instituições educativas.
A apresentação pública deste livro irá acontecer, via zoom, no próximo dia 15 de março, pelas 21h00.
A publicação do livro está prevista para o ano de 2022.
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