Quem define o preço das coisas? Eu sei, que pergunta tão fácil de responder. É o mercado. Certamente que muitos torcerão o nariz a esta minha resposta. Uns acharão que são as empresas, na sua desumanidade máxima, outros acharão que o Estado deveria intervir mais na regulação desses preços e no limite, definir limites para o seu teto.
E perguntarão: quem é o mercado? Somos nós, as pessoas que consomem. Acharam alguns que não tem alternativa no preço que pagam por um bem ou serviço. Será mesmo assim? A maior parte argumenta, por exemplo, que na água existem poucas opções de mercado. Talvez seja verdade, o consumidor pagará aquilo que a empresa lhe indicar, existindo pouca margem de negociação.
O preço “certo” de um bem ou serviço qual é? Naturalmente que a leitora achará que é o valor que estará disposta a dar, que será condicionado pelo contexto em que se encontra. Estaria a leitora, desidratada, disposta a disponibilizar 10.000€ por uma garrafa de água ao lado de uma nascente? Imagino que não. Estaria a leitora, desidratada, disposta a disponibilizar esse mesmo valor no meio de um local seco por essa mesma garrafa? Imagino que já era de considerar a oferta. Acharia justo a leitora disponibilizar 10.000€ por uma garrafa de água? A resposta terá de ser… depende.
Isto quer dizer que quanto maior a oferta, mais baixo tenderá a ser o preço desse bem ou serviço – caso da garrafa de água na nascente. Diminuindo a oferta, e aumentando a procura, naturalmente que o preço aumenta – caso da garrafa de água no deserto.
Imagine este segundo cenário: na nascente estava outra pessoa para tentar adquirir essa mesma garrafa. Quanto estaria disposta, a leitora, a dar por aquela garrafa? Posso apostar que diria: “só se me pagarem”. Se no local seco, existir uma segunda pessoa, e assumindo que precisará da garrafa de água toda para sobreviver, os 10.000€ serão suficientes pelo preço da garrafa? Estaria disposta a ir até quanto?
E pergunta o leitor, porque não regula o Estado todos os preços para que o consumidor pague um preço “justo” por um bem ou serviço? Primeiro, porque não existe um preço justo – como mostrei acima. Segundo, porque iria provocar que as empresas não investissem nesse Estado e desincentivava à produção dos bens e serviços. Terceiro, e imaginando que o Estado pagaria a diferença que o consumidor não paga, alguém teria de financiar o Estado para pagar esse diferencial, alguém não, o senhor, caro contribuinte. Relembro que o Estado não é uma entidade longínqua e desligada da pessoa. Financia-se pelos seus contribuintes.
Vejamos casos práticos. Certamente saberá o leitor quanto custa 1kg de sal grosso. Dirá o leitor: é barato! É um preço justo? No limite até pode ser caro… não sei. Poderemos até ter a empresa a ter margens “abusivas” por cada quilograma comercializado. Qual a importância que o leitor dá ao pacote de sal? Talvez nenhuma. O leitor, aposto eu, nem tem marca “fidelizada”. Arrisco-me a dizer que o leitor ao confecionar a sua comida é cuidadoso a colocar o sal, não pelo seu custo, mas pelo resultado que provoca no tempero. Resumindo, o valor simbólico é baixo. Estaria disposto o leitor a disponibilizar 10€/kg pelo mesmo pacote de sal? Ou procuraria alternativas a esse mesmo pacote?
O preço certo… quanto vale a montra final?
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