Por António Barreiros – Jornalista e Chefe de Redação
Os casos de pobreza, especialmente a envergonhada, estão a aumentar, aliás, como o pontificam os últimos dados colocados a circular por Entidades estatais e, também por Instituições de Solidariedade Social, estas as que sentem, no dia-a-dia, o avolumar do problema.
Ontem, chegou-nos à Redacção, por pessoa idónea, um vídeo que mostrava em que tugúrio está a viver um sexagenário, na freguesia de Bairro-Famalicão.
Todos os sistemas tocaram quando publicámos, com decência, sem alarmes e alardes, com o devido respeito pela pessoa em causa e, também, pelas Entidades e Instituições envolvidas, a notícia e o vídeo. Quiseram travar a publicação. Não percebo o motivo.
Fizémo-lo – queremos que fique bem explícito – no estrito dever que nos compete como Órgão de Comunicação Social. Tivémos a nobreza de carácter, pessoal e profissional, além da delicadeza de tratar, convenientemente, a informação que nos foi remetida, para a denúncia do problema. Repito, trouxémos a estas páginas, à opinião pública, um caso chocante de indignidade humana, mas com decência…sem a exposição mediática que passou a ser rotina.
Soubémos, porque temos consciência dos nossos afazeres e responsabilidades, enquanto jornalistas e como Órgão de Comunicação Social que sabe respeitar o seu Estatuto Editorial, não apontar dedos acusatórios a quem quer que seja… Mas gostaríamos de ter deixado uma palavra a uma Associação de Solidariedade e, também, a uma Entidade dessa Freguesia pelo que uma e outra, no terreno, realizou para minorar a situação. O que apurámos é que as duas já estão a tratar do assunto para que o cidadão em causa possa viver com dignidade.
Uma última nota: os que têm o poder político e a responsabilidade pública que lhe sobreveio do voto popular têm de saber lidar com a comunicação social porque ela, quando cumpre com os seus deveres, o que mais uma vez mostrámos ser possível, é um importante colaborador e paladino da democracia, da liberdade e da justiça social. O mesmo se aplica a Instituições de Solidariedade Social.
O nosso País demonstra que as suas Instituições e Entidades, a que lhe somo os seus responsáveis, passados 50 anos, pretendem esconder, as mais das vezes, os problemas debaixo dos tapetes. Por outro lado, não sabem conviver com a maior parte da Comunicação Social, onde existem jornalistas que, por razão dos anos de experiência e do saber acarretado ao longo de uma carreira de mais de 35 anos, têm noção da sua missão, dos seus deveres éticos e deontológicos e, também, descortinam defender o anonimato de quantos se escondem, por vergonha, de vida ou de atitudes…que os obrigam a “fugir de cena”.
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