Esta presença de Ricardo Salgado, em tribunal, num circo judicial que, em Portugal, atira o sector para o mais baixo – lama – que é admissível numa democracia e no chamado Estado de Direito, tão caro aos políticos e governantes, deveria envergonhar todos os actores da própria justiça.
O caso arrasta-se vai para 8 anos, nos Tribunais.
O BES já custou aos contribuintes a astronómica soma de 12 mil milhões…tanta falta faz aos que, em crescendo, não possuem uma vida digna.
O que está, e uma vez mais, em repetição – existem outros casos idênticos de que chamo à caução o de Sócrates – é a lentidão da justiça que, sempre, se escuda na legislação e nunca na sua altivez, na sua falta de democratização e, também, na existência de um escrutínio sério e transparente. A justiça, toda ela, é corporativista, posicionando-se num patamar altaneiro e fora de qualquer controle.
Levar, passados 8 anos, à barra da justiça Ricardo Salgado é humilhante. É verdade que ele, com a sua nefasta acção bancária, de gestor sem regras e aprimorado a mal-fazer, atirou milhares de pessoas para processos problemáticos de finanças pessoais, de saúde e de ambiência social.
Mas a justiça portuguesa gosta de se mostrar forte e abusiva, continuadamente, para com os fracos. Salgado está, de tempos a esta parte, fragilizado em termos de saúde, pelo que é um alvo mais fácil a julgar. Não terá capacidade para falar e para dizer o que provocou tal hecatombe, sabendo que o mundo dos negócios é como uma tombola…facilmente se perde, dificilmente se ganha, porque as bolsas, as empresas e todo o universo de notas e moedas é volátil e caminha, de mãos dadas, com uma série de premissas, desde a inflação, ao crescimento, à depreciação do dólar ou do euro e por aí fora.
Estranho é que as leis não resguardem os cidadãos que tenham de se apresentar a tribunal, os que sofrem de alzheimer, apenas os que são bipolares, menores de idade e outros. Aos primeiros não lhes dá inimputabilidade… Os tribunais e os seus actores gostam de se exibir, de mostrar a sua garra e de continuarem num galho acima de tudo, para gozarem com o pagode…
Nos Estados Unidos da América, o sr. Maddof, como se devem recordar, despoletou a maior crise financeira de Wall Street, em 2009, que fez tremer os negócios da bolsa, provocando um crash. Maddof foi sentenciado, através de um processo aligeirado que, em 6 meses, o condenou a 150 anos de cadeia.
Em Portugal, por força das leis emanadas da AR, aliás, em que se escuda a esmagadora maioria dos Juízes para se defender das penas aplicadas, a justiça continua na sua vivência anti-democrática e num pedestal que confrange, mostrando a sua pouca apetência para participar e ser motor do País…contribuindo para a negação do tal Estado de Direito.
António Barreiros – Jornalista
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