“O sofrimento ou a mágoa de qualquer pessoa deve ser evitada em todas as circunstâncias”
José Alberto Carvalho, jornalista da TVI
Esta frase vem após a polémica gerada na passada semana sobre Marina Machete, vencedora do concurso Miss Portugal.
José Alberto Carvalho foi o primeiro (e único) a pedir desculpa, em rede nacional pelas palavras que referiu uma vez que, segundo o mesmo, não defende e que não corresponde ao que é. Para além de tudo, admitir o erro é uma forma de melhorar o dano causado, a uma pessoa que se transformou para se sentir bem consigo mesma.
No entanto, Miguel Sousa Tavares, não retira nada do que disse e reforça que “é batota”. Meu caro, nas regras do concurso, não está impedido que se realizem qualquer tipo de operações, incluindo a alteração de género.
No entanto, pode ser sugerido que se crie, então, uma nova categoria, uma vez que já existem 4, para diferentes fases da vida. Seria legítimo, penso eu. Mas não digam que Maria Machete não é mulher. No cartão de cidadão, uma das primeiras coisas a ser feita é a mudança de sexo. E quando assim é, a pessoa está no seu maior direito de ser chamada de senhora, menina, ou qualquer outro com que se afirme.
Este tema faz-me lembrar uma frase que recebi, há uns tempos no e-mail: “Em cada ser humano ocorre uma vacilação entre um e outro sexo” de Virginia Woolf, datado de 1928 (há tanto tempo e tão atual). Na história, Orlando, jovem nascido na Inglaterra isabelina viaja um dia até à Turquia e acorda, sem aviso, num corpo feminino cujo percurso é acompanhado por mais de três séculos, até à modernidade.
Neste caso, a virilidade do homem foi comprometida devido àquela troca, mas “a mudança de sexo, embora modificasse o seu futuro, em nada modificou a sua identidade” – refere, no mesmo livro Virgínia Woolf.
Voltando ao jornalista: “Vamos assinalar os 50 anos do 25 de abril e continuamos a ter muita estrada para fazer e muito caminho para andar. Que tenhamos a humildade de o reconhecer e a coragem para continuar. Viva a Liberdade de todos e de cada um” – conclui José Alberto Carvalho, no seu discurso de pedido de desculpas.
Ana Cristina Torres
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