A peça de teatro “Hiena” apresenta-se na Casa das Artes de Vila Nova de Famalicão, de 20 a 22 de janeiro, escrita por Regina Guimarães e encenada por Rui Leitão.
O ponto de partida para esta peça surge durante uma viagem de carro onde, aquando as notícias da rádio, Rui Leitão, codiretor da Fértil Cultural e encenador da peça, ouve os casos de corrupção e de enriquecimento ilícito e fraude a partir de movimentos de caridade no pós-incêndios de Pedrógão Grande. É aí que surge a ideia das hienas, um animal reconhecido pela sua capacidade de sobrevivência e pela ingestão de alimentos difíceis – até ossos.

A convite da Fértil Cultural, Regina Guimarães escreve “Hiena” para “ajustar contas com a monstruosidade banalizada, mas, ainda assim, demasiada humana para escapar ao nosso pasmado entendimento” e para “que percebam a minha inquietude, a tristeza de viver num país chamuscado, a incapacidade de mudar o rumo das coisas com as palavras”. Segundo o encenador, a ideia do espetáculo “passa por dar uma noção de conflito interno de como uma pessoa desesperada pelo dinheiro é capaz de tudo, até de ver na desgraça de outros a solução e de como isso é tão bem aceite que consegue ter aliados que acompanhem as suas ideias e que possam atacar em grupo”. Um espetáculo que põe o público em constante tensão à volta da própria Hiena, num cenário provocador de dúvidas construído por Sandra Neves. Até onde é que poderá esta empresária lucrar ilicitamente enquanto desenvolve um projeto de ajuda humanitária? Na realidade, ela pretende contribuir para o bem-estar da população afetada pela catástrofe, mesmo que desviando parte das receitas obtidas para colmatar as suas dívidas. Será assim tão má?























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