Querido Menino Jesus,
Quero dizer-te que eu, ao fazer desta, me encontro bem, em plenas funções pessoais, humanas, corporais, físicas, mentais e de cidadania.
Não sei se, e pelo teu lado, andas bem, por este tempo em que celebramos o teu Nascimento, tentando redescobrir a mensagem dessa tua vinda e, também, buscando o sentido maior da tua vida.
Não venho pedir-te muita coisa. Sei que tens mais em que pensar e agir, porque, por este Mundo fora, há muita gente envergonhada, em dificuldades, em sofrimentos, em agonias, em preocupações, em ansiedades, em fomes, em frios e em pobrezas. Há muita gente que passa necessidades…que não tem agasalho, não tem casa, vive sem trabalho, sem eira nem beira… sem destinos…sem alegrias…procurando sorrisos dos que lhes possam dar esperança de viver.
Volto ao que me trouxe: pedir-te umas coisitas…não tanto para mim, mas para os outros, os meus irmãos desvalidos e caídos…os que me saltam ao meu caminho, quantas vezes no dia-a-dia…na estrada que atravesso, na secretária do labor, na esquina da rua, na loja do bairro, na entrevista com este ou com aquele…no todo do meu viver.
Deixo-te o rol dos meus pedidos, dando nota de que, por aqui, pela Redacção, apesar de quem nos queira açoitar por sermos isentos, independentes, objectivos, criteriosos e seguirmos os teus ensinamentos cristãos, estamos todos bem e não nos vamos desviar desse nosso percurso profissional.
– gostava que iluminasses os políticos portugueses para saberem servir, com espírito de missão. Desvia-os das tentações das negociatas, e das ondas das influências de amigos que os rodeiam e dos grupos dos que sabem retirar partido da redoma partidária onde se movimentam, acções que nos fazem mais pobres;
– gostava que deixasses pousar as tuas benfeitorias sobre a Escola nacional que atravessa um período menos bom, em que os professores não recebem o suficiente para serem os mestres dos futuros homens desta casa, a portuguesa;
– gostava que pudesses espargir o teu espírito sobre a Justiça portuguesa, para que ela mude a sua forma de julgar;
– gostava que derramasses o teu olhar sobre as injustiças que vão alastrando na nossa sociedade, a todos os níveis, para que Portugal venha a ser um País mais igualitário e mais justo;
– gostava que dotasses os políticos, todos eles, de memória para que não nos enganem, a cada passo, escondendo-se atrás do biombo do “não me lembro”;
– gostava que vertesses o teu espírito sobre o nosso SNS para que ele consiga olhar, com mais cuidado, alterando o paradigma actual, para os enfermos, ajudando-os a ter saúde;
– gostava que tenhas compaixão pelos que sofrem os horrores das guerras e convides os grandes da terra a saber trilhar a Paz;
– gostava, por último, de te pedir que faças de mim um homem e jornalista, assim como de todos os que trabalham, aqui no Famalicão Canal, profissionais que possamos continuar a dar voz aos que não conseguem fazer ecoar a sua, para ultrapassar situações complicadas ou que lhes cortam o pensamento, os sonhos e a esperança de terem dignidade e vida.
Querido Menino Jesus,
Sei bem que tentas olhar para todos nós, mas sem o pecado da censura, sem o impulso de mandar calar quem tenta denunciar injustiças e sem a plenitude da força do dinheiro – vê lá tu bem que alguns compram benefícios, pedem favores e escravizam outros homens – dizia, que tentas olhar para todos nós, para nos dares a subida coragem para enfrentarmos todas as afrontas, vilões, arruaceiros, vendilhões e Judas que nos aparecem, de quando em vez, neste ou naquele passeio das nossas vidas.
Despeço-me, pedindo que me abençoes, bem como a todos que trabalhamos no Famalicão Canal; e peço a tua intercessão para que nos vás aparando… peço para todos que nos seguem, também, a tua bênção.
Comentários sobre o post