O tempo é Quaresmal. É e convida aos silêncios. Assume-se, também, como de jejuns, de toda a ordem.
Por este tempo, por circunstâncias da vida pública e política nacionais, vai tempo de vozes, de discursos.
Por este tempo, pelas mesmas razões, não há jejuns de palavras. Os teatros estão montados. Mas podem existir jejuns de acções.
Por este tempo, quero entrar na arcada que me permita ficar nos recantos em que nada se ouve…apenas entra, por mim adentro, o silêncio.
Dizia um filósofo (cito): “O silêncio é a pátria das grandes almas”. É verdade que não a tenho. Mas, e por este tempo, tento recatar-me numa atmosfera que me possa dar descanso à alma, reconfortando-a…deixando-a esvoaçar, percebendo-a.
Apetece-me jejuar, também. Não me lambuzar com iguarias. Não me deixar gozar com os prazeres da vida. Sentar-me, em qualquer lugar, olhando a paisagem…a de perto e a do infinito. Quero aproveitar e ver para dentro. Quero entrar no simbolismo da Quaresma para reflectir se tenho sido discípulo e cidadão comprometido com a Palavra de Deus. É difícil sê-lo, hoje… a este tempo, numa sociedade desumana, num mundo em conflitos… num espaço planetário que deixou de denunciar atitudes e actos que não conferem dignidade humana. Estamos petrificados pelos medos, os que nos lançam para nos ficarmos mais calados e dóceis…sem abanarmos a vida. Bonecos. Estátuas.
Por isso, permitam-me, que hoje, antes das eleições, me remeta a jejuar e aos silêncios que podem ajudar, cada um e todos, a encontrar respostas para as nossas interrogações, dúvidas ou, e tão-só, afinar certezas… ou teimosias. A hora é a de nos esclarecermos, a de nos reencontrarmos.
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