Os utentes que recorreram durante esta terça-feira, dia 22, ao serviço de Urgência do Hospital São João de Deus em Vila Nova de Famalicão, confrontaram-se com longos períodos de espera para o atendimento médico. O desagrado foi generalizado, face a um dia em que a afluência às urgências se revelou maior.
João Peixoto chegou às urgências perto das 13h, com a queixa de uma infeção urinária. Foi informado que a espera seria de quatro horas, no entanto, o tempo foi passando sem ser chamado. “Já escrevi no livro de reclamação, pedi uma resposta e até então ninguém me disse nada”, afirmou.
Questionado sobre se tinha procurado atendimento em primeiro lugar no Centro de Saúde, o utente explicou que se deslocou às urgências por ser a unidade mais próxima e por ter mais facilidade de transporte para as urgências do que para o seu centro de saúde, que fica em Moreira de Cônegos, Guimarães.
Também Abílio Ribeiro esteve à espera nas urgências para realizar exames, pelo médico que o assistiu no Centro de Saúde de Joane. “Disseram que ia demorar um bocado. Fui triado, com a pulseira verde”, contou. No entanto, “não esperava que demorasse tanto tempo para ser atendido”, apontando ainda o caso de outros utentes que também estavam no local desde o início da manhã, em alguns casos sem comer.
Maria Martins, à espera desde as 12h30, acompanhava o pai, de 80 anos, que foi submetido a uma intervenção cirúrgica à anca. Depois de receber a enfermeira em sua casa, para realizar os cuidados curativos, foi-lhe recomendado pela sua médica de família que se deslocasse ao hospital (serviços de urgência). Também este recebeu a pulseira verde. Não sendo este caso considerado urgente, teve que aguardar.
Sem outra solução, para ver resolvida a situação do pai, Maria Martins esclareceu que a falta de condições de acessibilidade, no centro de saúde, onde está o médico de família, em Viatodos, não tem as condições exigidas por Lei, o que implica a necessidade da ida ao serviço de urgências.
Questionado sobre as queixas dos utentes, David Silva, Adjunto da Direção Clínica do CHMA, assegurou que não foi a falta de técnicos que causou a demora no atendimento: “A equipa está completa, e está dentro dos números previstos. Tem a ver com a afluência alterada em relação aos parâmetros normais, em valores superiores ao que estava registado no pré-Covid”.
Assim, clarificou que nos últimos dias tem ocorrido uma afluência maior aos serviços de urgência, e apesar das escalas estarem completas, os profissionais não estão a conseguir dar a resposta total que as pessoas gostariam, o que aumenta o tempo de espera.
Em alguns casos, revelou que “são situações não urgentes que poderiam ser atendidos em outros locais, nomeadamente nos Centros de Saúde”, no entanto, garantiu que todos os profissionais continuam “a fazer os possíveis para que o tempo de atendimento seja minimizado”.
Por fim, em caso de necessidade de atendimento médico, David Silva aconselhou: “As pessoas devem procurar ajuda quando necessitam. Idealmente tentar que essa primeira ajuda seja por exemplo a linha Saúde24. Para sintomas ligeiros tentar procurar os cuidados do Centro de Saúde, e só em situações urgentes é que devem recorrer ao hospital”.
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