Já passou. Foram umas 8 a 12 horas, consoante as áreas do País, que estiveram, ontem, sem abastecimento eléctrico. Em Espanha, aqui ao lado, idem em aspas. No sul de França, também. Onde mais?
Fica o registo para a história, com interrogações para uns e inquietações para outros.
Tão pequeninos que somos, perante as tecnologias e o que elas nos podem aprontar. Os que descobriram as modernidades, em máquinas, sistemas e o digital concederam-nos facilidades. Mas, e num repente, catrapus…
Ficámos bloqueados e descalços por uma falha e um contratempo, quando – dizem os especialistas – importávamos electricidade da rede espanhola. Ficámos sem comunicações, também, assim como sem um número quase indeterminado de serviços, porque todos esses dependem da electricidade para se mexerem, para nos servir.
Para os que se movimentam e dão corda às teorias da conspiração essa situação foi mais um ensaio de uma “grande organização”, a dos chamados senhores do mundo. Para os que não embarcam nisso, as explicações fornecidas são as mais plausíveis.
Deixando isso de lado. Vivemos tempos de incertezas em que nos deve preocupar o amanhã, o de perto e o de mais longe, porque podemos ficar a olhar o horizonte à espera de um fiozinho de electricidade, a que faz mover, por enquanto, tudo o que nos rodeia e comanda a vida…
Estamos dependentes de uma pitada de milhões de quilovátios. Sem eles ficamos reduzidos à nossa insignificância. O Mundo evoluiu, mas dependemos de muita coisa. Interessante: será que já percebemos que nos estamos a distanciar uns dos outros, numa sociedade egoísta e de tecnologias, quando precisamos de nos juntar e de nos associarmos, de atendermos a cada um, por ocasiões de crises?
A escravatura do séc. XXI, com outra formatação e contornos, está em marcha. O homem, o de hoje, tem de redescobrir a sua espiritualidade para enfrentar afrontas e complicações, além de se lhe pedir que se una em torno de um denominador comum: ser solidário, olhar o outro e perceber que só em união poderá vencer e nunca ser vencido. É preciso fantasiar, em tempos de tecnologias a mais, com lendas como a do Capuchinho Vermelho e o Lobo Mau, além de outras. O nosso imaginário precisa de fábulas ou de lendas que nos deixem abstrair das cenas más que nos moem a vida. Já chega disso e das agruras da vida, com guerras e ditadores à mistura.
António Barreiros
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