Com frequência, a maioria de direita da Câmara Municipal de Famalicão vem a público para se apresentar como grande defensora do ambiente. Com lastimável regularidade, verifica-se que este discurso não se vê no terreno. Existe apenas na retórica das notícias elaboradas pela propaganda camarária.
Cinco exemplos simples que atestam as afirmações acima:
– na campanha eleitoral de 2013, o então candidato Paulo Cunha garantia saneamento em todo o concelho até 2015 – seis anos e dois mandatos com maioria absoluta depois, os famalicenses contam com pouco mais de 80% de cobertura;
– a rede ciclável urbana está finalmente a ser executada (em ano de eleições autárquicas) mas as noticias renderam promoção pública pelo menos em 2006, 2013 e 2020 – 15 anos para fazer uma via para bicicletas é demasiado tempo;
– em 2016 eram prometidas 25.000 novas árvores mas por estes dias, assistimos ao abate sem critério das árvores de grande porte no centro da cidade;
– as hortas urbanas, fundamentais para a biodiversidade do Parque da Devesa e para a qualidade de vida de muitos famalicenses, vão mudar de local e continuarão em terreno provisório, não sendo, portanto, um assunto efetivamente resolvido por esta Câmara Municipal;
– em 2020, a Câmara Municipal tinha dinheiro disponível do Governo para reabilitar o rio Este entre Arnoso, Nine e Louro – a Câmara não tinha despesa com este projeto mas desaproveitou completamente o apoio estatal. Nada foi feito!
Mais recentemente, foi noticiada a criação da Rede Municipal de Trilhos da Natureza.
Lidas as notícias, redigidas pelos inúmeros assessores municipais, fica-se com a sensação que o nosso concelho revolucionará a promoção do “património natural e histórico-cultural do território”, que atrairá todos com um “produto turístico associado ao desporto”.
Conforme afirmou o atual Presidente da Câmara Municipal, “a rede de percursos estrutura a oferta de um produto turístico, em articulação com os ativos culturais e naturais existentes, e com a oferta de alojamento local e restauração” e que “pela qualidade paisagística de que usufruem, a distribuição geográfica e localização dos trilhos” se justifica “o esforço do investimento proposto, permitindo, alavancando e proporcionando um desenvolvimento mais coeso e em rede dos aglomerados rurais, como estrutura de uma oferta turística especifica, mas com necessidade de promoção”.
Tantas palavras para justificar um investimento municipal de 25 cêntimos por metro!
Para que fique claro a todos os famalicenses: o Dr. Paulo Cunha afirma que o investimento municipal de 15.613,32 € para 62,3 km de trilhos (25 cêntimos por metro) é um “esforço”.
Vila Nova de Famalicão necessita de uma verdadeira política ambiental.
Uma política pensada, estruturada, relevante e executada todos os anos e não apenas de quatro em quatro anos.
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