“À Deriva”
Nunca o significado de “À Deriva” fez tanto sentido para descrever a forma como este governo está a atuar neste momento. Salta à vista que, estamos claramente sem rumo e a navegar conforme o momento e conforme a vontade de quem está à frente das estruturas governativas deste país. Custa perceber como estamos desta maneira, pela forma como tudo está a ser gerido a todos os níveis. Não faz sentido muitas das decisões, não faz sentido muitas das posições e muito menos faz sentido a forma ditatorial com que estamos a ser geridos por um governo que não se preparou para esta segunda vaga, mais do que anunciada.
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SAÚDE
Vejamos, ao nível da saúde, salta a vista a desorganização em que se encontra o Serviço Nacional de Saúde e a DGS. Passaram meses, mas ainda não aprenderam a tomar posições concretas e sérias nos momentos certos. Porque temos de estar sempre a correr atrás do prejuízo ao longo destes meses? Não teria sido mais fácil, durante o verão, ter sido preparado um plano para a segunda vaga? Pois, se calhar não, porque na lógica da DGS, isto “até nem ia chegar a Portugal”. Quanto ao acompanhamento dos infetados ou possíveis infetados, o mesmo deixa muito a desejar, visto que, são muitos os casos em que os possíveis doentes de Covid ficam literalmente abandonados, sem resposta dos médicos de família e da Saúde 24. Percebo que as chamadas sejam muitas e que os casos sejam muitos, mas era necessário mais cuidado na hora de gerir estas situações. Analiso este assunto, por conhecimento próximo de situações como esta. O jogo do empurra na hora de resolver estas situações não ajuda, visto que, só contribui para um possível aumento de casos dentro do seio familiar, por exemplo.
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ECONOMIA
Ao nível da economia, esta pandemia esta a deixar um problema dantesco para o presente e futuro. Se nada for feito de concreto, com apoios sérios e credíveis, que se façam sentir no imediato, o caminho de muitas empresas e famílias estará seriamente comprometido. Não se pode abanar com uma mão cheia de promessas de linhas de crédito que muitas vezes não chegam a quem verdadeiramente precisa.
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POLÍTICA
Ao nível político, não consigo aceitar que continuemos a bater na mesma tecla, da política ter a capacidade de estar acima dos cidadãos. Como exemplo maior desta falta de bom senso, temos a realização do congresso do Partido Comunista no próximo fim-de-semana, onde o mesmo continua a usar a lei como defesa para a realização do mesmo. Eu não duvido que tentarão cumprir as normas de higiene e segurança, mas não se trata deste pormenor, tratasse sim da imagem que é dada aos cidadãos. Se estamos a pedir para as pessoas ficarem em casa com recolher obrigatório, se estamos a obrigar a restauração e o comércio a fechar, por que razão é que temos de aceitar que se realize um congresso desta dimensão? Sinais contraditórios para uma fase tão delicada como esta. Pedimos os esforços a todos, pedimos que se deixe os negócios em stand by, que as reuniões familiares fiquem distantes, que os atos religiosos fiquem bloqueados, mas permitimos a realização de um congresso? Algo não está certo, mas infelizmente sabemos que existem favores políticos que tem de ser feitos. Pelo menos peço que exista uma menor prepotência por parte do líder do PCP, porque declarações como, “ter direitos políticos”, “que a política não é uma atividade qualquer” e que só não fazia o congresso se “só se houvesse uma desgraça” não são admissíveis nesta fase das nossas vidas, onde esta muito mais em jogo que um direito político.
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REVER A HISTÓRIA
Com isto, termino esta minha reflexão, relembrando o dia 25 de Novembro de 1975, o dia decisivo para a implementação de um Estado de Direito Democrático em Portugal. 45 anos depois, devemos analisar muito bem esta parte da história de Portugal, e valorizar esta conquista de liberdade e dos direitos dos Portugueses, porque muito que se conquistou, estará posto em causa com exemplos vindos dos nossos atuais governantes. Portugal é e tem de continuar a ser um verdadeiro Estado de Direito Democrático.
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