“O Natal em Portugal sempre foi mais do que uma celebração estritamente religiosa; é um pilar da nossa identidade cultural, um tempo de reunião e uma herança que moldou o nosso calendário e os nossos afetos. Contudo, assistimos hoje a um fenómeno crescente: algumas escolas públicas, em nome da inclusão e do respeito pela diversidade, optam por diluir ou omitir as celebrações natalícias tradicionais para não ferir suscetibilidades de comunidades imigrantes.
Esta mudança levanta uma questão fundamental: quem deve adaptar-se a quem?
A Falsa Dicotomia entre Respeito e Abandono
É inegável que Portugal é um país acolhedor. O respeito pela cultura de quem chega em busca de uma vida melhor é um dever civilizacional e um sinal de maturidade democrática. No entanto, o respeito pelo “outro” não pode exigir a anulação de nós mesmos.
Quando uma instituição de ensino portuguesa abdica de celebrar o Natal — com os seus símbolos, cantares e tradições — está a privar não só os alunos nativos da sua própria cultura, mas também os alunos imigrantes da oportunidade de conhecerem a alma do país que os acolheu.
Integração não é Assimilação: Integrar não significa que o imigrante perca a sua identidade, mas também não significa que a sociedade anfitriã deva apagar a sua.
O Valor Educativo da Tradição: As escolas deveriam ser espaços onde as tradições se explicam e se partilham, e não onde se escondem por receio de exclusão.
Preservar a Nossa Memória
A cultura de um povo é um organismo vivo, mas precisa de raízes. Se as instituições públicas — que são os veículos de transmissão de conhecimento e valores — deixam de celebrar as datas que nos definem, corremos o risco de criar uma geração sem referências.
É perfeitamente possível manter o Presépio ou a Árvore de Natal no átrio de uma escola e, simultaneamente, abrir espaço para que alunos de outras confissões partilhem as suas próprias festividades. A verdadeira inclusão faz-se por adição, nunca por subtração.
Será que atualmente o mundo gira ao contrário?
O que se passa hoje no nosso país parece ser um reflexo de uma crise de identidade europeia. Por vezes, na ânsia de sermos tão tolerantes, acabamos por nos tornar intolerantes com a nossa própria história.
Não, o mundo não precisa de girar ao contrário. O equilíbrio reside no bom senso: o imigrante deve respeitar as leis e a cultura do país que o recebe, e o país anfitrião deve ter o orgulho e a firmeza de manter vivas as suas tradições. A hospitalidade portuguesa é um valor nobre, mas essa hospitalidade só faz sentido se tivermos uma “casa” com identidade para oferecer. O Natal nas escolas não é um ato de exclusão; é um ato de continuidade. Que saibamos acolher sem nunca deixar de ser quem somos.”
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