A Entidade Reguladora da Comunicação Social – ERC – veio pedir rigor e isenção aos jornalistas na cobertura dos fogos.
Registamos tão aprontada quão flagrante, do ponto de vista, da atitude, dessa Entidade. Deve pugnar por não existir alarme social, assim como deve intervir sempre que os jornalistas passem a fronteira do que é informação séria e objetiva, misturando vários géneros jornalísticos no mesmo conteúdo, que o mesmo é dizer misturar o perfil da notícia e/ou da reportagem com o de comentário ou de artigo de opinião.
Esteve lesta a ERC na presente situação. Dá a ideia que alguém lhe segredou ao ouvido, da parte do Governo, que é preciso pôr travão, num ou noutro caso em que jornalistas dão voz ao povo, a bombeiros e a certas individualidades da vida pública que, e sem papas na língua, denunciam, criticam e colocam dedos nas feridas de todo um negócio, o dos incêndios.
Gosto de sentir uma Entidade Reguladora da Comunicação Social preocupada em fazer o seu trabalho, tendo vindo a público, e neste particular, muito preocupada com o trabalho dos jornalistas. Tentando traçar-lhes as coordenadas ao trabalho por ele desenvolvidos. Quanto a esta Redacção dispensamos os aconselhamentos da ERC.
ERC que, e por outras ocasiões, como a que já vivemos, de mordaça e de violação dos direitos dos jornalistas, os desta casa, em trabalho num lugar público, o Hospital de Famalicão, caso que tem andado nos corredores da justiça, atirou para canto. E, sem mais, parecendo nada lhe dizer respeito, no capítulo que lhe compete, o de regular, o de aconselhar e o de fazer cumprir a lei, pelo menos elaborando competente parecer, nos motivou a apresentar queixa no Ministério Público.
A ERC assume, por vezes, nalgumas questões, a voz do dono, do regime.
Não só tal papel lhe fica mal, como é desagradável e não assenta nada bem aos seus responsáveis. Que deviam, também, ser isentos e ter rigor nas tomadas de posição.
Os jornalistas, a maioria, os que não fazem da profissão um palco circense ou de entretenimento, antes de isenção, de rigor, de objetividade e de saber distinguir as práticas que regulam a sua atividade, sabem bem que a notícia deve ser escorreita, seca de adjetivação, medindo palavras e tendo uma redacção de verdade que não comprometa o descritivo, na defesa do seu Estatuto e, também, do Estatuto Editorial do Órgão de Comunicação Social, onde labora.
Não temos, nesta Redacção, ouvidos para escutar essas preleções, em jeito de saldo e a soldo de alguém, da ERC. Mas compreendemos a sua postura de, como correia de transmissão governamental, tentar amordaçar ou limitar – esta é a nossa leitura que é legítima – as reportagens denunciantes do que trouxeram ao de cimo a presente vaga de incêndios.
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