Quem me dera voltar a ser criança para mergulhar no espírito do Natal. Quem me dera ensebar-me no sentimento profundo do Natal. Com qualquer idade temos de saber viver este tempo. Convida-nos a olhar o Presépio. A entender o Nascimento.
De um modo ou de outro, temos de saber projectar essas duas plenitudes que nos fazem reviver esta época. Tempo que nos deve transportar para um espaço de felicidade, de candura e de toda a inocência. Apanhar o musgo, uma tradição para se montar o Presépio, polvilhando-o, depois, com farinha ou algodão para dar a ideia de neve. Infantilidades que são, sempre, recordativas.
Espiritualmente falando, o Natal tem uma carga cristã que nos abre a sentirmos a beleza da natividade; a novidade de uma vida; a força de um coração a bater; a grandeza da família quando se interliga e se sabe dar; e, mais ainda, o significado maior de um episódio marcante de um pedaço remoto da história da humanidade.
Sentimentalmente falando, o Natal movimenta recordações que estão impregnadas de figurativos, de cheiros, de sabores, de luzes e de palavras subtis de carinhos, de afectos, de proximidades, de elevação humana e de uma aurea de amor.
Parece-me sentir aquele conforto do Natal em que os nossos pais e familiares nos presenteiam, retribuindo, cada um, com beijos e abraços e, também, com lembranças, na certeza de uma troca que se pretende ser solidária e de gratidão.
Sentir, noutro registo, os sabores das iguarias especiais do Natal, porque celebrar é, também, ensaiar o que melhor podemos partilhar no prato. Já todos sentimos – esperando que aí em casa possa acontecer o mesmo na noite de domingo para segunda-feira e, depois, no próprio dia da festividade – a delícia do bacalhau com batatas cozidas, do polvo, do perú, do cabrito, da roupa velha de bacalhau, da aletria, dos mexidos, do bolo-rei, das rabanadas e de tantas outras coisas de fazer crescer água na boca. Nestes últimos 2 anos, os que estou por estas terras minhotas, tenho aprendido a conviver convosco. Reconheço-vos a humilde sobrante, a espiritualidade cristã, a força do trabalhado, a defesa da honra e da palavra. Um perfil de bem. E, como se diz aqui pelo Minho, no Natal toca a andar para “encher o bandulho”.
E, por estes tempos, a melhor frase que encontrei foi uma de Ghandi. Ela remonta à época do Antigo Testamento, a chamada Lei de Talião. Entronca numa crítica pesada, que nos faz mergulhar na reflexão dessa frase que passo a citar: “Olho por Olho, e o mundo acabará cego”. Andamos já cegos, alguns; outros, a tentar ver o que nos pode cegar…
Que o Natal nos faça ver melhor, ajuste a nossa visão sobre as coisas para sermos arautos da profecia do Amor, da Partilha e da Vida. Que a Luz e a Mansidão de Menino nos abrace e envolva. Meu abraço a todos. Boas Festas.
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