O episódio de poeiras que está a afetar Portugal Continental desde a passada terça-feira, e que teve origem em tempestades de areia no Norte de África, poderá continuar até sábado, dia 19, informou o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
Em comunicado, o Instituto informa que “a concentração de poeiras sobre a Península Ibérica deverá diminuir gradualmente, no entanto não é de excluir a probabilidade de poder continuar a afetar o estado do tempo até dia 19, podendo persistir a formação de uma camada de nuvens altas, a dissipar-se lentamente, condicionando a temperatura observada à superfície”.
Explica o instituto que estas tempestades resultaram do vento forte à superfície associado à depressão Célia, a qual influenciou o estado do tempo na Madeira nos dias 14 e 15 de março e se encontra neste momento sobre o Mediterrâneo em fase de dissipação.
“Além dos impactos deste episódio de poeiras ao nível social, uma análise preliminar permitiu também identificar um impacto no desempenho dos modelos numéricos de previsão do tempo”, aponta o IPMA, revelando que a “concentração de poeiras nos níveis médios e altos da atmosfera deu origem à formação de uma densa camada de nuvens que de outro modo não se teria formado e que, por esse motivo, não foi bem prevista pelos modelos numéricos de previsão do tempo”.
Pode ainda ler-se no comunicado: “Em consequência da referida camada de nuvens, a radiação solar que atingiu a superfície foi menor que a prevista pelos modelos numéricos e, em consequência, os valores da temperatura do ar, em particular da temperatura máxima, foram inferiores aos valores previstos, com as diferenças a atingirem cerca de 5 °C em alguns locais”.
De acordo com o IPMA, é frequente a Península Ibérica ser afetada por tempestades de areia que se formam na região de Marrocos a sul do Atlas. Nestes casos, o transporte das poeiras ocorre ou pelo bordo ocidental do Atlas, através de uma circulação sobre o oceano Atlântico, ou através de um fluxo para norte sobre o Atlas, em que as poeiras são projetadas para níveis mais elevados da atmosfera. Em qualquer destes casos as concentrações próximas da superfície tendem a ser inferiores ao caso atual.
Os efeitos mais visíveis deste fenómeno meteorológico são a alteração da cor do céu, visto que as poeiras estão normalmente acima da superfície, embora dependendo da sua concentração possam atingir níveis mais baixos com implicações na qualidade do ar e possíveis impactos na saúde.
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