“A Comissão Europeia mostrou, depois de uma “noite histórica”, segundo o presidente da Lituânia, em Versalhes, predisposição para a adesão da Ucrânia na União Europeia.
Esta decisão, apesar de celebrada, pouco significa.
Existem imensas barreiras para uma possível integração da Ucrânia.
Para além da dificuldade e demora nas negociações para a adesão de um país na União, a Ucrânia não é o único país que procura aderir.
Albânia, Servia, Macedónia do Norte, Montenegro e Turquia (candidatou-se em 1987) já se encontram em negociações, Bósnia e Herzegovina candidatou-se mas ainda não foi reconhecida e Kosovo, como não é reconhecido por 5 estados-membros, não consegue candidatar-se.
Este ano, para além da Ucrânia, também a Moldávia e a Geórgia procuram integrar a união.
Todas estas dificuldades são conhecidas, mas há uma de que ninguém fala. Que Ucrânia irá aderir à UE?
Mesmo que a comissão europeia garantisse um estatuto especial, saltasse toda a burocracia e permitisse a adesão ucraniana, qual território faria parte da UE?
A permissão de adesão dos territórios de Donbass e da Crimeia seria um escalar de tensões sem precedente. Para a Rússia, seria uma declaração de guerra de todos os estados-membros da união.
Futuramente, após a guerra, se a Ucrânia aderir sem a Crimeia e Donbass os estados-membros legitimariam os territórios.
Putin, nesta situação em particular, ganha sempre. Ou a Ucrânia adere à UE e Donbass e a Crimeia são reconhecidas pela comunidade internacional como russas/independentes, ou a Ucrânia mantém estas regiões mas nunca poderá entrar na União.
Parece que os países europeus estão a dar esperança aos ucranianos para eles não pararem, não desistirem, uma luz ao fundo do túnel. Infelizmente, esta luz é apenas uma ilusão.
Uma ilusão de possível ocidentalização, que não digo que seja impossível, mas que é extremamente improvável.
A Rússia pode (esperemos) perder a batalha política, mas não perderá a militar, portanto o território ucraniano, vai mudar drasticamente e os países europeus devem prosseguir com muita cautela.
Reconhecimento das regiões separatistas, pela União Europeia, dará força política interna, a Putin, para repetir esta desventura noutros países fronteiriços, como Geórgia e Cazaquistão.”
Nuno Santos Ferreira
Estudante Universitário
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