O antigo cônsul português Aristides de Sousa Mendes, que salvou milhares de judeus do regime nazi, recebe esta terça-feira, dia 19 de outubro, as honras de Panteão Nacional, em Lisboa, através de um túmulo sem corpo.
Esta cerimónia acontece 67 anos após a morte do antigo cônsul de Portugal em Bordéus, França, que salvou milhares de judeus e outros refugiados do regime nazi, durante a Segunda Guerra Mundial, emitindo vistos à revelia das ordens do Governo de António de Oliveira Salazar, o que lhe valeu a expulsão da carreira diplomática, e acabaria por morrer na miséria.
Nascido em 19 de julho de 1885, Aristides de Sousa Mendes morreu em abril de 1954, no Hospital Franciscano para os Pobres, em Lisboa.
A homenagem teve início às 11h00. Estiveram presentes para esta cerimónia o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, e o primeiro-ministro, António Costa, entre outras entidades públicas.
A cerimónia iniciou-se com uma interpretação do hino nacional pelo Coro do Teatro Nacional de São Carlos e logo depois, Margarida de Magalhães Ramalho – académica e coautora do Museu Virtual ‘Aristides de Sousa Mendes’ – fez o elogio fúnebre onde recordou o papel do ex-cônsul de Portugal em Bordéus em Portugal e no mundo.
A historiadora recordou a vida de Aristides Sousa Mendes a sua luta contra o regime nazi e os milhares de judeus aos quais o ex-cônsul deu visto à revelia de Salazar. “Escutou a voz da consciência” quando emitiu dezenas de milhares de vistos, disse a historiadora.
Eduardo Ferro Rodrigues, presidente da Assembleia da República, realçou no seu discurso os passos dados para que Aristides de Sousa Mendes recebesse homenagens de Panteão Nacional. Sublinhou que Aristides “obedeceu à sua consciência” e defendeu que “são muito raras as pessoas que arriscam a sua liberdade e segurança” em prol dos outros.
“Sempre me emocionei com a enorme coragem de Aristides de Sousa Mendes“, afirmou Ferro Rodrigues.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, recordou o percurso notável de Aristides, que “mudou a história de Portugal” e projetou o País mundialmente. “Serviu com coragem extrema“, sublinha o Presidente.
Segundo o programa, após as intervenções, está previsto um cortejo na nave central do Panteão Nacional constituído por assistentes parlamentares, o chefe do protocolo do Estado e secretário-geral da Assembleia da República, o Presidente da República, o primeiro-ministro, o presidente do parlamento, Silvério de Sousa Mendes (familiar de Aristides de Sousa Mendes), o coordenador e membros do grupo de trabalho parlamentar responsável por definir o processo de concessão de honras e o diretor do Panteão Nacional.
Este cortejo vai dirigir-se à sala 2 do Panteão Nacional, onde se procederá ao descerramento da placa evocativa da homenagem a Aristides de Sousa Mendes, ao mesmo tempo que é interpretado o ‘Prelúdio em Dó Maior’, para harpa, de Johann Sebastian Bach, pelo Coro do Teatro Nacional de São Carlos.
Após o descerramento, junto à placa evocativa, a bandeira nacional será dobrada por militares da Guarda Nacional Republicana.
De seguida, os membros do cortejo regressarão aos seus lugares no Panteão, e o Presidente da República, o presidente da Assembleia da República e o primeiro-ministro, encaminham-se para junto do altar, para assinatura do Auto de Honras de Panteão Nacional.
A cerimónia termina com nova interpretação do hino nacional.
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