O folhetim da TAP é sintoma claro de como os actuais governantes tratam os assuntos públicos, os do Estado. Dava uma boa base para o conteúdo-argumento de uma novela, daquelas que retractam a balda que campeia nas hostes do Poder Central.
Depois, e para se tentarem safar, perante o povo, arranjam mil e uma maneiras para atirar com as mais esfarrapadas desculpas, cozinhadas nos bastidores – algumas na própria Assembleia da República, uma casa em que a bandeira deveria ser a transparência da democracia e do tal Estado de Direito. Todos e todas, os actores dessa tramóia – os ministros e secretários de Estado dos sectores que envolvem o Estado na TAP, por ser o maior accionista, depois de ter sido nacionalizada, assim como os principais responsáveis por essa transportadora aérea com bandeira lusa – têm agido de uma forma que me faz lembrar os tiques da máfia calabresa ou as lojas maçónicas de lá e de cá. Não deixa de ser estranho ou talvez não. Como diz por aí um colega da TVI…isto está tudo ligado…
Não deixa de ser curioso o facto de, o que reflecte o estado a que tudo isto no ajuntamento do Governo e das principais empresas públicas chegou, a maioria dos governantes não ter qualquer tipo de currículo na vida. Apenas exibem o de políticos…
Ou seja, na vida, a do trabalho e a profissional, nunca fizeram nada de nada. Atrelaram-se ao partido do poder e toca a andar… e toca a ser alguém… e toca a fazer-se gente… e toca a fazer batotas.. e toca a entrar em negociatas… e toca a aparecer como se fossem figuras de nomeada, de categoria e com traquejo.
A TAP, uma empresa que conquistou um lugar ao sol e de prestígio no outro tempo, naquele em que só se podia ser membro do Governo com provas mais que dadas – não quero fazer a apologia da ditadura, mas não posso de estabelecer um paralelo porque gerir e administrar sem gente com classe e folha de serviços para o fazer dá no que temos visto, no esbanjamento dos dinheiros públicos, a rodos… aos milhões, de milhões. E paga Zé…
A TAP já vai em vários mil milhões.. Mas há mais TAP´s, com outros nomes: a CP com prejuízos de 1,8 mil milhões; a Transtejo com 58 milhões; a Metro Porto com 3,1 mil milhões, só no sector dos transportes…segundo os últimos dados, de 2019-2020, do Conselho de Finanças Públicas.
Estranho é que ninguém liga a este estado de coisas… estranho são todas as golpadas em torno da TAP, com a mulher deste, o marido daquela, o militante do partido do poder e mais outros tantos a terem tachos ou negócios nessa empresa.
Bem vistas as coisas, apesar de me custar dizer o que me está a apetecer, mas digo-o: a maioria de alguns que já passaram e andam pelo governo, só teriam lugar para cantineiros ou para mangas de alpaca do mais obtuso serviço do Estado…
“Mas quem é que está a gerir a TAP?”, questionava outro dia o presidente da Confederação do Turismo. Também o Sindicato dos Pilotos da TAP criticam a gestão…
Todos se apercebem desta bandalheira. Só o governo é que não dá conta de nada…e continua a assobiar para o lado, distraindo os portugueses. Em casa onde todos ralham…
António Barreiros – Jornalista
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