Um regime pode avaliar-se pelas atitudes e pelas acções dos representantes do Povo, o que este elege para aqueles se sentarem na Assembleia da República.
Recordo que o Parlamento, no seu plenário da passada 5.a feira, dia 11, portanto, na sessão da última legislatura, antes das próximas eleições de 10 de Março, deu péssima imagem dos que nos representam. Decidiram todos os deputados, sem excepção de nenhuma bancada partidária, aprovar (cito) “o alargamento de ajudas de custo”.
Para que possam ficar por dentro do assunto, explicitamos que, actualmente, o Estatuto dos Deputados prevê o pagamento de ajudas de custo “por cada dia de presença em reunião plenária, de comissões ou em outras reuniões convocadas pelo Presidente da Assembleia da República”, mas, com esta alteração, acrescenta-se a presença em “subcomissões, grupos de trabalho, reuniões realizadas pelos grupos parlamentares e deputados, únicos representantes de um partido”.
O que esta decisão, de todos, mas de todos os deputados quer dizer é simples como a água: os deputados – volto a repetir – todos, mas todos, legislaram em causa própria e em tempo record… Acrescentamos nós: antes que fosse tarde.
Quero referir que se tratou do Projecto-Lei nr-999. E o que não deixa de ser curioso: foi votado de uma só vez, quer na generalidade, quer na especialidade quer, e também, na votação final global.
Face a esta decisão e atitude, de todos, mas de todos os deputados, a nossa Redacção decide emitir duas opiniões: estamos conversados srs. deputados; e ainda: o regime continua a apodrecer porque os seus actores estão mergulhados no pior dos poços da imundice política e partidária.
Não sabemos se, e com estes exemplos, alguém do universo da nossa política e dos partidos…nos poderá salvar de tanta falta de carácter e de dignidade. O espírito de missão que deveria reger quem assume cargos públicos e outros está na funerária, faz tempo, a aguardar que o cangalheiro lhe abra a cova e o enterre. Foleirices e desprestígios para quem deveria dar exemplos…
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