As Unidades de Saúde Familiar (USF) do concelho de Vila Verde revelam uma elevada capacidade de resposta, resolvendo 92% das consultas não programadas, e são de fácil acesso para a maioria dos utentes. Contudo, a demora no agendamento de consultas programadas e o desconhecimento do serviço SNS24 levam muitos cidadãos a recorrer indevidamente à urgência hospitalar de Braga. Esta é a principal conclusão de um estudo da Escola de Economia, Gestão e Ciência Política da Universidade do Minho, informação enviada numa nota à imprensa.
A investigação, conduzida por Alice Magalhães no âmbito do seu mestrado, analisou os cuidados de saúde primários em Vila Verde, abrangendo as cinco USF locais (Vida+, Pró-Saúde, Prado, Sá de Miranda, Terra Verde) e o Serviço de Atendimento Complementar do Centro de Saúde. Foram inquiridos 375 adultos do concelho entre dezembro de 2024 e janeiro de 2025.
Elevada Acessibilidade vs. Tempos de Espera Longos
Os resultados mostram que 75% dos utentes chegam à USF em apenas 15 minutos, contrastando com os 16 a 30 minutos necessários para alcançar o hospital de referência. Apesar da proximidade e da satisfação geral com as USF (3.6 em 5 pontos), 63% dos inquiridos esperaram mais de 16 dias por uma consulta programada, refere a mesma nota.
Esta demora, aliada a um elevado desconhecimento do SNS24 (57% dos inquiridos não conheciam o serviço), parece estar na origem da sobrecarga das urgências. O estudo registou uma procura excessiva do hospital, com uma média de quatro atendimentos anuais por paciente, frequentemente para situações de menor gravidade como febre ou dores ligeiras, constata.
Aquela investigadora frisa que o estudo realça o “papel crucial das USF pela sua proximidade e capacidade de resposta geral“, mas defende a necessidade de otimizar a gestão das agendas médicas e de adotar “consultas que combinem o presencial com o digital” (consultas híbridas).
A solução passa também por um forte investimento na literacia em saúde. A investigadora recomenda “campanhas de literacia sobre o uso adequado das urgências e sobre a promoção das teleconsultas e do SNS24, em especial junto dos idosos e menos escolarizados, contribuindo assim para melhorar a triagem clínica e aliviar a pressão no serviço hospitalar“. O desconhecimento do SNS24 é significativo, apesar de 64% dos inquiridos terem admitido conhecer o projeto “Ligue Antes. Salve Vidas!“.
Comentários sobre o post